10 de Setembro: O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – Dr. Sander Fridman
* Médico, Doutor em Psiquiatria pela UFRJ, professor do IBCMed.
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10 de Setembro: O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
– Dr. Sander Fridman
Com início em 2009, a campanha anual de prevenção ao suicídio, movida internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde, está completando 10 anos. Para 2019, o Ministério da Saúde enfocará a prevenção do suicídio em crianças e adolescentes.
Crianças como vítimas de suicídio e tentativas são uma população particularmente distinta da dos adolescentes e adultos. O risco não é maior no sexo masculino, podendo ser até mesmo maior em meninas, como em estudos na Tunísia e em Portugal.
A prevenção não se beneficia na atenção gerada por tentativas prévias, pois crianças não apresentam comumente tentativas de suicídio anteriores. São fatores desencadeantes de tentativas de suicídio em crianças, lares tensos e disfuncionais e dificuldades de relacionamento na escola, com intenso sentimento de solidão.
Sintomas de transtorno de déficit de atenção, nas mais novas, depressão crônica ou grave, nas mais velhas, crianças e adolescentes super-dotados com dificuldades importantes de ajuste social, são comumente fatores psicossociais associados com o risco.
É o Bullying ou Assédio Escolar provavelmente um dos principais determinante de tentativas de auto-extermínio em crianças e adolescentes com dificuldades de ajuste social.
Destaque-se a situação especial das crianças e adolescentes com espectro autista muito leve, cujas dificuldades de interação social-recíproca são facilmente perceptíveis e rechaçadas, sem receber a devida tolerância e apoio que recebem as crianças reconhecidamente doentes, seja dos pares, seja da estrutura pedagógica – não raro vítimas de um verdadeiro massacre punitivo, à guisa de correição.
A restrição histórico-cultural das vivências de interação social direta, em detrimento das interações sociais mediadas por ambientes virtuais (jogos digitais e mídias sociais), pode estar na raiz de uma intensificação do sentimento de solidão e de dificuldades e frustrações à administração das interações sociais. Mas pode servir de recurso social e afetivo aceitável para crianças que, sem estas, não teriam acesso a outra forma de interação social afetiva.
O tratamento com enfoque também nos pais pode ser indispensável na prevenção do suicídio em crianças e adolescentes, por ser o mau relacionamento em casa, aparentemente, seu principal e controlável fator desencadeante.
Em todas as idades, a disposição para ouvir, interação social, expressões de valorização mútua, tempo dedicado à interação, disposição para perdoar e pedir perdão, serão sempre relevantes na prevenção das tendências auto-extintivas.
É da maior importância a busca imediata por ajuda profissional adequada, seja pelo paciente, seu familiar, seu apoio social ou escolar, juntos ou isoladamente, uma vez identificado o risco – grosseiramente, a existência de ideias de que “seria melhor dormir e não mais acordar”, “de sair por aí e ninguém nunca mais me ver”, “não ser mais um peso”, “seria bom seu eu morresse de alguma coisa”, ou de fazer algo para abreviar a vida.
Uma vez iniciado o tratamento, é importante que seja mantida a atenção e o arranjo social de apoio e proteção, bem como a comunicação com o psiquiatra, até que a crise tenha sido completamente esbatida.