5 motivos que explicam o fascínio das pessoas por reality show
Acompanhar reality show é fofoca ou entretenimento? Você provavelmente já ouviu ou leu nas redes sociais a famosa frase: “Eu não fofoco, só comento.” Mas até que ponto essa premissa se aplica quando o assunto são programas que simulam a realidade?
Em geral, é comum as pessoas não gostarem de ser associadas a fofocas. No entanto, os realities shows estão aí para mostrar que acompanhar a vida alheia é um dos passatempos favoritos de muitos, e isso vai além da simples curiosidade.
Conforme a psicóloga Tatiane Mosso, especialista em comportamento humano, esse hábito tem raízes profundas na nossa evolução social. “O interesse pela vida alheia faz parte da nossa natureza social. Desde os primórdios, observar os outros ajudava na sobrevivência, na criação de alianças e na compreensão das normas do grupo. Hoje, os realities shows são uma extensão disso, funcionando como uma janela para dinâmicas sociais que nos intrigam e, muitas vezes, refletem os dilemas da vida real”, explica.
Para entender melhor esse fenômeno, Tatiane Mosso elenca 5 fatores psicológicos e sociais que fazem as pessoas se conectarem diariamente com esses programas. Confira!
1. Projeção de emoções e experiências
Tatiane Mosso destaca que, ao assistir a um reality show, as pessoas frequentemente projetam suas próprias emoções e experiências nos participantes. “É comum nos identificarmos com o carismático, sentirmos empatia pelo injustiçado ou nos revoltarmos com o manipulador. Essas emoções criam um vínculo com a narrativa e nos fazem querer acompanhar cada detalhe”, explica.
2. Senso de pertencimento
Os programas oferecem um senso de pertencimento, mesmo para quem está do lado de fora. “Comentar sobre um reality com amigos, ou nas redes sociais, cria um espaço de troca que reforça nossa conexão social. Gostamos de sentir que fazemos parte de uma ‘tribo’, discutindo alianças, torcendo e até julgando as decisões dos participantes”, diz a psicóloga.
3. União do cotidiano com o inesperado
Outro fator que Tatiane Mosso aponta é a combinação entre o ordinário e o extraordinário. “Os realities shows mostram situações cotidianas – como convivência, amizades e conflitos – em diversos contextos, e esse contraste mantém o público cativado, porque une algo que conhecemos bem com o inesperado que nos tira da rotina”, analisa a psicóloga.
4. Reconhecimento de ações
A curiosidade pela vida de outras pessoas também tem um aspecto psicológico. “Somos naturalmente curiosos sobre o outro porque isso nos ajuda a nos entender e quando observamos como alguém reage a uma situação, inconscientemente refletimos sobre como agiríamos. É quase como se estivéssemos nos testando por meio deles”, explica Tatiane Mosso.
Essa curiosidade também se estende às redes sociais, em que a vida das pessoas é exposta de forma controlada e idealizada. “Assim como nos realities shows, a internet alimenta nosso desejo de observar, comparar e, muitas vezes, imaginar como seria estar no lugar do outro”, completa a psicóloga.
5. Quebra da rotina
Para muitos, acompanhar um reality show é também uma forma de fugir da rotina. “Em um mundo cheio de obrigações e desafios, esses programas oferecem um alívio ao proporcionar entretenimento leve, mas ao mesmo tempo cheio de drama. É uma maneira de se desconectar dos próprios problemas por algumas horas e mergulhar em uma narrativa diferente da nossa”, pontua Tatiane Mosso.
Cuidado com os exageros
Embora o interesse por realities shows e a vida alheia seja natural, Tatiane Mosso alerta para os riscos de exageros. “Passar muito tempo obcecado por essas histórias pode levar a comparações negativas, afetar a autoestima ou criar uma visão distorcida sobre relações humanas. O importante é consumir esse tipo de conteúdo de forma equilibrada, lembrando que a realidade apresentada é, muitas vezes, editada e dramatizada para o entretenimento”.
Por Mayra Barreto Cinel