7 dicas para a inclusão de mulheres em empresas de tecnologia
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é fundamental reforçar a importância da igualdade de gênero e da inclusão feminina em setores historicamente dominados por homens, como o de tecnologia. Oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970, a data simboliza a contínua luta das mulheres por direitos iguais e melhores condições de trabalho.
No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população, aproximadamente 104,5 milhões de pessoas, segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, sua participação no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ainda é significativamente menor que a dos homens.
Conforme o “Relatório de Diversidade de Gênero no Setor de TIC”, publicado pela Brasscom, as mulheres ocupam 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), percentual inferior aos 44% registrados no mercado de trabalho geral.
Mais espaço feminino na tecnologia
Essa baixa representatividade reflete desafios estruturais que vão desde a falta de incentivo para que meninas sigam carreiras em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) até barreiras no mercado de trabalho, como desigualdade salarial, escassez de oportunidades de ascensão profissional e ambientes predominantemente masculinos.
“Embora ainda precisemos lutar, o mercado tecnológico é vasto, e há espaço e oportunidades para todas. A presença feminina tem crescido, e estamos conquistando cada vez mais reconhecimento pelo nosso talento e capacidade de inovação”, diz Juliana Amatte Bizão Temponi, Sales Operation da Keyrus, consultoria global de transformação digital.
Entretanto, segundo ela, é preciso continuar ocupando esses espaços com confiança, conhecimento e colaboração. “O setor precisa da nossa visão, e quanto mais mulheres estiverem inseridas, mais diversa, criativa e eficiente será a tecnologia do futuro”, afirma.
Iniciativas para equidade de gênero
Apesar dos desafios, o setor demonstra progresso. O relatório Diversidade de Gênero no setor TIC indica que, nos últimos três anos, a participação feminina cresceu 1,5 ponto percentual acima da masculina, impulsionada por um aumento de 1,8% entre analistas e 2,1% em funções técnicas de TI, P&D e Engenharia.
Diante desse cenário promissor, diversas organizações estão implementando iniciativas para promover a equidade de gênero no ambiente corporativo. A multinacional Keyrus, por exemplo, implementou a criação de um comitê de diversidade, responsável por identificar e aplicar práticas que garantam um ambiente de trabalho mais equitativo, e a criação de canais de denúncia, como o Speak Up Line, que asseguram a confidencialidade e o tratamento sério de casos de discriminação e assédio.
Além disso, muitas empresas têm investido na realização de palestras e capacitações para promover debates sobre equidade de gênero e incentivar mudanças culturais dentro das organizações. Programas de contratação voltados para mulheres desenvolvedoras também estão sendo adotados para equilibrar a representação de gênero em áreas técnicas.
“A diversidade é uma força propulsora de inovação e sucesso. É preciso garantir que cada pessoa, independentemente de gênero, origem ou identidade, tenha as mesmas oportunidades de crescimento e reconhecimento dentro de uma empresa de tecnologia”, afirma a People & Culture Manager da Keyrus, Dineia Vieira.
Criando ambientes mais inclusivos
As empresas de tecnologia têm um papel fundamental na construção de ambientes inclusivos e acolhedores para as mulheres. Diante desse cenário, as líderes da Keyrus selecionaram algumas dicas e ações importantes que podem ser adotadas. Veja a seguir!
1. Promoção de diversidade no recrutamento
As empresas devem garantir que seus processos de recrutamento e seleção sejam inclusivos, buscando ativamente atrair mulheres para posições técnicas e de liderança. Isso pode ser feito por meio de parcerias com organizações que incentivam o ingresso de mulheres na tecnologia, bem como por meio de programas específicos de recrutamento feminino.
2. Mentoria e apoio ao crescimento
Oferecer programas de mentoria e apoio que conectem mulheres com líderes e profissionais mais experientes pode ser uma forma eficaz de proporcionar a elas o suporte necessário para avançar em suas carreiras. A criação de redes de apoio e grupos de afinidade também pode ajudá-las a se sentirem mais seguras e confiantes no ambiente de trabalho.
3. Capacitação e desenvolvimento de habilidades
Investir em programas de desenvolvimento profissional, como cursos técnicos e de liderança, especificamente direcionados às mulheres, é essencial para ajudá-las a superar possíveis lacunas de habilidades e garantir que tenham as mesmas oportunidades de crescimento que os homens.
4. Flexibilidade e suporte ao equilíbrio trabalho e vida pessoal
Oferecer condições de trabalho flexíveis, como horários adaptáveis ou a possibilidade de home office, pode ajudar a lidar com os desafios relacionados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, especialmente para mulheres que podem ter responsabilidades familiares. Empresas que promovem esse tipo de flexibilidade tendem a criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor.
5. Combate ao assédio e discriminação
É fundamental que as empresas criem políticas claras contra assédio e discriminação de gênero, garantindo que qualquer incidente seja tratado com seriedade e que as mulheres se sintam seguras para se expressar e denunciar situações de abuso ou preconceito sem medo de retaliação.
6. Cultura organizacional inclusiva
Promover uma cultura organizacional que celebre a diversidade e a inclusão, em que as mulheres se sintam valorizadas e ouvidas, é essencial. Isso pode ser feito por meio de treinamentos sobre conscientização de gênero, a criação de grupos de discussão sobre diversidade e a implementação de práticas que reforcem a igualdade no dia a dia da empresa.
7. Modelos de liderança diversos
Uma pesquisa da FIA Business School revelou que mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil. No entanto, dados específicos sobre liderança feminina no setor de tecnologia ainda são escassos. Para mudar esse cenário, em 2022, foi lançada a Coalizão de Ação sobre Tecnologia e Inovação no Fórum de Igualdade de Geração. A meta é dobrar a participação feminina na tecnologia até 2026, garantindo um papel mais ativo das mulheres na inovação e na solução de desafios globais.
Ter mulheres em posições de liderança serve como exemplo e inspiração para outras mulheres dentro da empresa. As organizações devem trabalhar para aumentar a representatividade feminina em cargos de liderança, além de assegurar que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento profissional que seus colegas homens.
Por um futuro mais diverso para elas
Embora a presença feminina na tecnologia esteja crescendo, ainda há muito a ser feito. Investir na formação de meninas em STEM, fortalecer programas de liderança feminina e promover ambientes corporativos mais inclusivos são passos fundamentais para transformar o setor e garantir um futuro mais igualitário.
“Meu conselho para as jovens que estão em dúvida sobre ingressar no setor, eu diria: ‘venha’. A tecnologia é uma área dinâmica e cheia de oportunidades. Por isso, confiem em vocês mesmas, sejam curiosas, mantenham-se atualizadas e nunca parem de aprender. O mundo precisa de mais mulheres na tecnologia e nos times de dados. A jornada pode ser desafiadora, mas é também uma das mais empoderadoras que você pode escolher”, afirma Marileusa Cortez, Data Governance Manager da Keyrus.
Dineia Vieira complementa: “A área de tecnologia é extremamente diversificada e oferece oportunidades em várias vertentes, desde o desenvolvimento até a gestão e inovação. O mais importante é ter coragem para aprender, explorar novas habilidades e se envolver em projetos práticos. A tecnologia está em constante evolução, por isso, é essencial se manter atualizada, seja através de cursos, bootcamps ou mentorias. Conecte-se também com outras mulheres e profissionais da área, pois a troca de experiências pode ser enriquecedora e motivadora”, finaliza.
Por Letícia Carvalho