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Para quem considera o SUS deficiente – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE –VI

Notícias preocupantes ocuparam nos últimos dias os noticiários, o surto de superbactérias, que são micro-organismos que produzem uma substância que inativa os antibióticos mais potentes, desenvolvendo resistência. Elas são, atualmente, as grandes vilãs no combate às infecções hospitalares. A KPC (klebsiela pneumoniae carbapenemase) é a que, no momento, desperta maiores preocupações, o índice de letalidade é muito elevado. Se, na atualidade com todos os recursos que dispomos, a situação causa sobressaltos na população, comparem com tempos nem tão distantes. O vídeo anexo contribuirá para esclarecer como eram os tratamentos e procedimentos médicos no século XIX.

Não se conhecia a existência de micro-organismos patogênicos e, consequentemente, as mais rudimentares e corriqueiras precauções com a higiene, antissepsia e assepsia eram desconsideradas. O médico húngaro Ignaz Semmelweis lutou a vida inteira para implantar medidas profiláticas que salvariam milhares de vidas nos hospitais, principalmente parturientes.

As condições técnicas não são das melhores, porém assistir as imagens REAIS com certeza causará forte impacto.

Quem não tem conhecimento de como funcionavam os hospitais e atuavam os médicos em meados do século XIX, com certeza, ficará pasmo ao assistir o vídeo de 1 hora e 53 minutos anexo. Está dividido em 3 partes e merece ser visto e analisado.

  1. Rotina hospitalar na época. Por desconhecerem a existência dos micróbios os cirurgiões operavam – sem anestesia – em trajes civis, não usavam luvas, sequer lavavam as mãos antes nem no interstício de dois procedimentos, saíam direto da sala de necropsia para a de cirurgia ou onde se realizavam os partos.

Ocupa os primeiros 27 minutos.

  1. O parto significava às mulheres um tremendo risco de morte por infecção puerperal. Os estudantes saiam direto da sala onde necropsiavam as parturientes mortas para examinarem as em trabalho de parto, sem lavar as mãos. O contágio era inevitável. Os professores, na época, atribuíam as ocorrências de febre puerperal, com altos índices de mortalidade, a “miasmas” existentes no ambiente. Na época também se acreditava na teoria que os “miasmas” das regiões pantanosas causavam a malária, seriam emanações ambientais ouque os doentes exalavam constituindo focos de contaminação.

O médico húngaro Dr. Ignaz Philipp Semmelweis não aceitava a explicação e defendia a tese da contaminação cruzada. Pesquisando descobriu que o simples ato de lavar as mãos com compostos clorados diminuía significativamente a estatística dos óbitos. Dedicou a vida para implantar esse singelo procedimento aos obstetras. Ridicularizado, perdeu seu cargo e refugiou-se em sua cidade natal onde prosseguiu, até a morte, sua saneadora campanha.

Aos que, atualmente confenam experiências em animais, lembro que foi dessa maneira que se conseguiu demonstrar que a contaminação cruzada propagava as mortais infecções puerperais. Quando contestado pelos seus pares, sentindo-se impotente para convencê-los, lançou uma campanha de esclarecimento público e alertava:

– “Você, pai de família, sabe o que é chamar um médico para sua esposa? É expor sua esposa, e a seu filho que ainda não nasceu à morte”.

Ocupa dos 27 aos 55 minutos.

  1. História do sanitarista Osvaldo Cruz. Semelhante a Semmelweis enfrentou incompreensões, intrigas e perseguições mas saneou o Brasil e figura no rol dos que modificaram as condições sanitárias do mundo. É dele o pensamento que, na época, custava a ser aceito:

-“A vida é tão maravilhosa que é quase inimaginável que dentro duma pequena gota d’água possam existir milhões de seres vivos”.

“Eu ignorava que eras assim, meu caro Jeca. Está provado que tens no sangue e nas tripas todo um jardim zoológico da pior espécie”. (Monteiro Lobato, em Jeca Tatu)

Ocupa o restante do vídeo.

Após assistir este vídeo, preferencialmente em tela inteira, asseguro, terás uma visão reverente do valor desses pioneiros que nos permitem, atualmente, uma vida relativamente saudável e livre de doenças passíveis de cura ou prevenção.

OS MICRÓBIOS E O HOMEM – 1hora53min

https://www.youtube.com/watch?v=tYBlRouh2JU

Para quem considera o SUS deficiente

Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com

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