Vida & Saúde

Proposta quer ajudar na prevenção à morte súbita infantil

Reservar o dia 21 de junho para lembrar a importância da prevenção à morte súbita em crianças menores de um ano de idade e promover campanhas que ajudem na redução da mortalidade infantil são propostas apresentadas no Projeto de Lei nº 438/2007, de autoria do deputado José Sperotto (DEM). Conforme o parlamentar, o objetivo é informar e conscientizar a população sobre a forma correta de deitar o bebê, visando a redução dos riscos de morte por asfixia. “Estudos mostram  que a melhor maneira de deitar um bebê é de barriga para cima, ao contrário dos ensinamentos que aconselhavam deixar a criança dormir de lado ou de barriga para baixo”, diz Sperotto.
 
Entre as ações sugeridas no projeto estão campanhas educativas; a elaboração de cartilhas e folhetos com informações à população; campanhas específicas para adolescentes da rede escolar e estudos para o aprimoramento das políticas de combate à mortalidade infantil. José Sperotto também sugere que, no dia destinado à prevenção, fossem realizados eventos sobre o tema e a busca por recursos junto à iniciativa privada para divulgação dos métodos atuais para a prevenção da morte súbita em crianças.
 
O democrata lembra que campanhas para evitar a morte súbita de crianças estão entre as oito principais metas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que pretende até o ano de 2015 reduzir a mortalidade infantil para menos de sete por mil nascidos vivos, levando em consideração todas as causas de óbito.
 
Repercussão
O pediatra da Sessão da Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde, Érico Faustini, considera elogiável a proposta do parlamentar. Para ele, a instituição de um dia voltado para a prevenção à morte súbita em crianças menores de um ano de idade é uma das ações para  mostrar e alertar para a forma correta de deitar um bebê. Segundo Faustini, as crianças que dormem de barriga para baixo têm mais chances de ter morte súbita.
 
O médico aconselha a não colocar o bebê deitado de lado. “Desse jeito, a  tendência da criança é virar a barriga para baixo”, observa. Faustini afirma não existir uma causa para explicar este tipo de óbito que apresenta sua maior incidência no primeiro ano de vida. “Mas sabemos que está associada a posição incorreta do bebê dormir”, reitera o especialista.
 
Compartilha da mesma opinião, o pediatra do Hospital da Criança Santo Antônio e técnico da Secretaria Estadual da Saúde, Luís Alberto Picolli. Ele considera fundamental informar a população sobre os cuidados para evitar a morte súbita dos bebês. “No Hospital e na Secretaria já trabalhamos com o tema, orientando às mães quanto a posição correta de colocar a criança no berço”, conta o especialista. Ele lembra que atualmente, na carteira do recém-nascido, tem uma página dedicada ao tema.    
 
Em reportagem do Diário Popular de Pelotas no dia 3 de março de 2007, o  pesquisador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) César Victora é outro que recomenda às mães a deitar o bebê de barriga para cima. Segundo ele, a  informação de que ao dormir junto com os pais o bebê pode morrer sufocado ou que de barriga para cima ele vai aspirar o vômito e se afogar não passam de crenças populares incorretas. “Dormir com os pais não é certo, mas não significa que o adulto vai matar a criança”, afirma Victora.
 
Ao  deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou seja, o ar que ele próprio expira. “Uma criança maior ou um adulto acordariam ou trocariam de posição para evitar o sufocamento, mas em alguns bebês a parte do cérebro que controla este reflexo não está desenvolvida. Por isso ele acaba se afogando e morre por asfixia”, explica o pesquisador da UFPel.
 
Dos 66 óbitos registrados em 2006, do total de 4.248 nascidos vivos em Pelotas, oito se enquadraram nas situações que levam à Morte Súbita Infantil. Os dados foram confirmados pela auditoria que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realiza desde 2003. A partir de 2004, no entanto, o trabalho passou a ser desenvolvido em parceria com o Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel. O índice verificado em Pelotas no ano passado constitui uma taxa de 1,9 por mil. Conforme Victora, embora o número seja pequeno, é importante que se ataquem situações como esta para evitar a mortalidade entre os recém-nascidos. O pesquisador acredita que ações como campanhas alertando para o problema se justificam plenamente em atividades de educação em saúde.
 
Síndrome do berço
A Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI) é a morte abrupta e repentina de um bebê que permanece sem explicação mesmo após investigação e autópsia completas. Também conhecida como morte do berço, pois acontece enquanto o bebê está cochilando ou dormindo à noite, a síndrome da morte súbita infantil é a maior causa de morte entre os bebês. Ela ocorre mais freqüentemente nos primeiros quatro meses de vida, em geral no outono, inverno e no início da primavera.

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