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Lojistas evitam comercializar produtos da Gradiente

Mesmo sem a adoção de medidas semelhantes à que tomou o governo do Mato Grosso, de suspender a venda de qualquer produto da Gradiente no estado, muitos lojistas em todo país já optaram por não comercializar os produtos da marca, temendo pagar multas por desrespeito aos direitos do consumidor. Um exemplo é o estado da Bahia, onde é difícil encontrar produtos da marca. “A Gradiente faliu, por isso não temos mais produtos dela para vender”, disse o funcionário de uma loja, forte distribuidor em todos os estados do Norte e do Nordeste do Brasil.

A falência não ocorreu, mas a empresa amarga uma das piores crises de sua história. A coordenadora de postos do Procon da Bahia, Adriana Menezes, explicou o porquê da declaração do vendedor. Ela disse que não há orientação que indique uma ação do órgão em relação à venda de produtos da Gradiente, nos moldes do que ocorreu no Mato Grosso. De acordo com Adriana, os próprios lojistas tomaram a iniciativa de deixar de vender o produto, para não ficarem sujeitos ao pagamento de multas.

“Em caso de desrespeito ao consumidor, tanto o fabricante, quanto o vendedor são multados. A responsabilidade é compartilhada. As lojas deixaram de comercializar produtos da Gradiente, para também pararem de pagar multas. Hoje, na Bahia, é difícil encontrar produtos da Gradiente no mercado”, destacou Adriana Menezes.

Na Bahia, somente no mês de maio, a Gradiente foi alvo de 124 reclamações no Procon, 54 delas por não cumprir as condições de garantia dos produtos. Outras 33 reclamações ocorreram por falta de peças para reposição. O restante das queixas é por produtos entregues com defeitos, cancelamento de compras, cobrança indevida, demora na entrega dos produtos.

No Pará, onde também é difícil encontrar produtos Gradiente à venda, houve 141 reclamações no Procon em maio, enqaunto em Minas Gerais foram 139. No Procon de Pernambuco, a empresa aparece com 116 reclamações, no Ceará, 105, e em Goiás, a Gradiente foi alvo de 151 reclamações no mês passado, sempre pelos mesmos motivos, falta de peças para reposição e não cumprimento das garantias do consumidor.

No caso do Mato Grosso, onde o governo do estado tomou a medida de proibir a venda, no mês de maio 45 pessoas se queixaram da empresa, principalmente no cumprimento das garantias. As lojas ofereciam os produtos em promoções, mas o cliente não tinha direito a trocas nem assistência. O Procon do Mato Grosso deu prazo de dez dias para que todos os produtos da marca, eletroeletrônicos de áudio, vídeo e aparelhos celulares, sejam retirados das prateleiras.

O governo pensa em ajudar a Gradiente. O próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Manaus, em maio deste ano, disse que o governo está fazendo a sua parte para ajudar a empresa e citou o Banco de Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, o BNDES se coloca à disposição para ajudar com financiamentos, desde que haja um sócio disposto a aportar novos investimentos da empresa. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já afirmou que a instituição apoiaria um novo plano de negócios da Gradiente que se mostrasse viável economicamente.

Essa não seria a primeira vez que o BNDES sairia em socorro à empresa. Em março de 2005, a instituição emprestou R$ 100 milhões por meio do Programa de Apoio e Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren). Na época, a empresa pretendia aumentar seu faturamento em 30,9% e se comprometia em contratar 256 funcionários em regime celetista no prazo de um ano. Alcançaria o número de 2.031 empregados. Atingindo essa meta, a remuneração do financiamento cairia de 9%, para 3,5% ao ano, mais Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP) de 9,7% ao ano.

A fábrica da Gradiente Eletrônica S.A.é situada no pólo industrial de Manaus, mas seu centro administrativo está em São Paulo. Empresa nacional, atua no setor de eletrônicos, produzindo e comercializando bens nas linhas de áudio, vídeo e telefonia móvel. A empresa foi fundada em 1964, e foi pioneira ao lançar no mercado brasileiro inovações de alta tecnologia. Cinco anos após sua fundação, fabricou o primeiro amplificador transistorizado do país. Em 2000, fundou o Genius Instituto de Tecnologia, destinado a desenvolver inovações tecnológicas nas áreas de eletrônica, telecomunicações e multimídia.

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