Caso suspeito de ‘fungo negro’ é investigado em SC
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive) e a prefeitura de Joinville, investigam um caso provável de mucormicose, infecção fúngica chamada popularmente como ‘fungo negro’, em um paciente de 52 anos que já foi diagnosticado com a Covid-19 na cidade.
No sábado (29), o estado e o município receberam um comunicado do Ministério da saúde sobre a investigação.
O paciente está internado em um hospital particular de Joinville e fez uma cirurgia na última semana (veja mais abaixo).
O homem é morador da Zona Norte de Joinville, testou positivo para Covid-19 em fevereiro deste ano e tem histórico de comorbidades (diabetes mellitus e artrite reumatoide).
As notícias sobre o quadro clínico do paciente são compartilhadas apenas com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Os órgãos não informaram se há previsão de quando o diagnostico será confirmado.
O caso
Segundo a prefeitura de Joinville, a situação já estava sendo acompanhada desde março, quando foi cogitada a hipótese do diagnóstico no morador. Em 20 de fevereiro, o paciente apresentou sintomas gripais e fez um teste que confirmou o diagnóstico positivo para a Covid-19.
Cerca de um mês depois, no dia 19 de março, em função de uma fraqueza generalizada relacionada ao coronavírus, ele foi internado. Após melhorar da doença, o homem recebeu alta no dia 4 de abril.
Por ter apresentado uma complicação metabólica chamada de ‘cetoacidose diabética’, que é caracterizada por fatores relacionados com a diabetes, o paciente teve uma celulite facial (infecção grave que pode espalhar-se para outras partes do corpo) e prejudicou a sua visão.
Por este motivo, um médico especialista começou a acompanhar o caso. O morador foi internado em 21 de maio para realização de procedimento cirúrgico, que foi feito na quarta-feira (26).
Caso no Uruguai
Um homem de 50 anos que se recuperou da covid-19 foi infectado com o fungo negro, que causa a mucormicose, informou o jornal uruguaio El País na quarta-feira (26) e a BBC Brasil nesta quinta-feira (27).
Segundo a BBC Brasil, ele também sofre de diabetes e começou a apresentar sinais de infecção por fungos cerca de 10 dias após ter se recuperado da covid-19.
O paciente, que havia sido internado na capital Montevidéu, fez exames laboratoriais que confirmaram a infecção por mucormicose, afirma o El País, que diz também não ser possível especificar se esse é o primeiro caso no Uruguai porque a mucormicose não é relatada como um evento exclusivo de pacientes com covid-19.
Segundo o jornal, médicos acreditam que também pode haver uma ligação com os medicamentos esteroides agora usados para tratar a covid-19.
Os esteroides reduzem a inflamação nos pulmões e ajudam a deter alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico do corpo se acelera para combater o coronavírus, mas eles também reduzem a imunidade.
Os sintomas da mucormicose dependem da parte do corpo que é infectada. No caso do paciente uruguaio, foi relatado que, após a recuperação da covid-19, ele passou a apresentar necrose na região da mucosa.
Exames laboratoriais confirmaram que ele havia sido infectado com mucormicose.
O fungo negro tem afetado muitos pacientes na Índia, que vive uma forte onda de covid-19.
Índia
Médicos da Índia já haviam relatado casos envolvendo uma infecção rara, denominada de “fungo negro” ou mucormicose, entre pacientes com Covid-19 em recuperação e já recuperados. As informações foram divulgadas pela BBC.
Ainda segundo a reportagem, a doença ocorre quando há exposição a um tipo de mofo encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.
A mucormicose afeta os seios da face, cérebro e pulmões, além de poder ser fatal em diabéticos ou em indivíduos gravemente imunodeprimidos.
De acordo com Akshay Nair, cirurgião de olhos de Mumbai, Índia, ouvido pela BBC, a doença tem uma taxa de mortalidade geral de 50%, e pode ser desencadeada pelo uso de esteroides, um tratamento que salva vidas para pacientes graves com Covid-19 e criticamente doentes.
O cirurgião afirma que já atendeu aproximadamente 40 pacientes com a infecção durante o mês de abril.
Muitos deles eram diabéticos que se recuperaram de Covid-19 em casa. Onze deles tiveram que remover um olho cirurgicamente, em decorrência da infecção pelo fungo.