Ficção Científica não é ficção -Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

FICÇÃO CIENTÍFICA NÃO É FICÇÃO

A HISTÓRIA, como a conhecemos, iniciou com a descoberta da escrita. Os dados coletados puderam ser arquivados para futuras consultas de maneira segura e não sofriam as deformações inevitáveis na divulgação oral (quem conta um conto aumenta um ponto).

Escribas possuíam grande destaque social, eram os repositórios da cultura, inclusive da religião. Não é por outro motivo que aos monges copistas se entregou a tarefa da produção dos manuscritos que preservaram a civilização.

A descoberta dos tipos móveis por Gutemberg, em 1542 permitiu a impressão do primeiro livro, a Bíblia, da qual restam 48 exemplares. Foi o primeiro passo da literatura, que se expandiu até se transformar no que hoje conhecemos.

A ficção científica foi considerada durante muito tempo uma literatura de segunda classe, coisa de visionários quando, na realidade, foi uma grande impulsionadora do progresso da ciência. Lembro Júlio Verne (1828-1905) em seu pensamento que se revelou profético: “Tudo o que um homem pode imaginar outros homens poderão realizar”.

O telefone celular era considerado ficção. O capitão Kirk de Star Trek (Jornada nas Estrelas), quem não lembra? “Vinte Mil Léguas Submarinas”, o submarino Nautilus (Júlio Verne) era movido a energia atômica quando sequer se conhecia a fissão do átomo. “Da Terra à Lua” (1865), foguetes apenas eram usados como fogos de artifício, propulsores de veículos aéreos? Ficção de “lunáticos”. Etc.(Júlio Verne previu, NO SÉCULO XIX, viagens espaciais e motores de fissão quando nem se tinha como supor possível. A verdade seguiu os passos da ficção e JAMAIS deixará de fazê-lo).

Cito dois expoentes:

Arthur C. Clarke, lembram a série Cosmos? “A única maneira de se definir o limite do possível, é ir além dele, para o impossível”. Foi o inventor dos satélites geoestacionários, que permanecem sempre no mesmo ponto da superfície da Terra, acompanhando sua rotação. Base de toda a comunicação via satélite, inclusive a internet.

Isaac Asimov (1920-1992), o maior de todos. Apaixonado pela noção dos robôs, esse americano nascido na Rússia criou em 1942 as famosas Três Leis da Robótica, que exorcizaram o temor de que os robôs se revoltassem contra o homem, seu criador, e o relegassem a um segundo plano ou, até, o destruíssem.

1ª Lei –Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª Lei – Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto em casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei.

3ª Lei – Um robô deve proteger a sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira ou a segunda lei.

É possível, SIM, introduzir num cérebro positrônico essas salvaguardas, tão possível como delimitar as funções dos atuais computadores. Uma vez feito isso, ninguém poderá remanejar um robô de modo transformá-lo num combatente sem freios. Só construindo tudo e novo, com outros parâmetros, uma obra que, esta sim, se situa no âmbito ficcional.

A ficção científica realiza a proeza de refletir as preocupações da época em que é escrita, e, ao mesmo tempo, antecipa situações do futuro – situações que, com frequência impressionante, se transformam em realidade. O próximo passo, o sistema 5G, logo mais o 6G e, mais adiante… difícil imaginar o limite.

HÁ LIMITE?

Se isso não é literatura de primeiríssima linha, não sei mesmo o que é.

P.S.: Alguns dados desta coluna foram compilados na revista Superinteressante, março de 2020.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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