Evolução positiva – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
EVOLUÇÃO POSITIVA
O processo civilizatório não segue uma trajetória retilínea e uniforme, desde o seu início assemelha-se mais a um gráfico da evolução de um conglomerado econômico. Tem períodos de progresso que podem exacerbar num “boom”, entremeados de períodos instáveis, inclusive sujeitos a debacles como o que atravessamos nesta pandemia. O que ao fim e ao cabo interessa é o resultado averiguado em períodos prolongados.
Os pessimistas se habituaram a afirmar que estamos regredindo, nosso padrão de vida vem num decrescendo: “A vida antigamente era mais tranquila, seguramente melhor e mais suave”. Perguntem a esses inconformados se optariam voltar aos padrões vividos pelos nossos avoengos. Sem antibióticos, sem anestesia, sem a disponibilidade dos medicamentos que nos mantém saudáveis ou, no mínimo, com possibilidades amplas de sobreviver com poucas sequelas, retornando ao dia a dia confortável e sadio ao qual estamos acostumados.
Têm saudades do tempo em que uma viagem representava desconforto em vez de um período em que se pode até descansar durante o deslocamento, mesmo enfrentando grandes distâncias?
Regridamos ao início da Era Cristã, à Idade Média e prossigamos até os dias atuais.
Maravilha o tempo em que a crucificação era pena imposta a ladrões, escravidão aceitável como regime de trabalho, férias e descanso semanal um sonho quimérico, aposentadoria e direitos trabalhistas uma utopia, DEMOCRACIA inimaginável.
Estamos, é bem verdade, longe do objetivo final, levará tempo, mas o tempo é coadjuvante, não empecilho. Chegaremos lá e então realizaremos a tarefa para a qual o Criador nos trouxe à existência.
Leandro Karnal, historiador, professor da Unicamp, escritor e conferencista nos brinda com “As raposas altruístas”.
É muito raro deparar com um livro da área das ciências humanas, profundamente humanista. “O futuro é melhor que você imagina” de Peter Diamandis e Steven Rotler é uma exceção que refulge, aborda o mundo se direcionando para um futuro cada vez mais próspero, abundante e igualitário. Estamos habituados a considerar o verniz civilizatório frágil e que pode ser quebrado facilmente. Exemplos como os bombardeios da IIª Guerra Mundial (o horror de Hiroshima e Nagasaki) e os campos de extermínio que levaram ao Holocausto são tristes exemplos sempre citados. Resistimos à ideia de que em condições propícias o caminho é percorrido no sentido do aperfeiçoamento social, ético e intelectual.
DimitriBelzayaev e a estudante LyudmilaTrot testaram a raposa-prateada, um animal que jamais fora domesticado e extremamente agressivo. Poderia originar “cachorrinhos dóceis”? Introduziam as mãos protegidas por grossas luvas nas gaiolas e selecionavam as menos agressivas. Após quatro gerações surgiram raposas mais “dóceis”, com filhotes que abanavam os rabos, felizes com a aproximação dos tratadores. Na sequência brincavam, mesmo quando adultas e atendiam por nomes.
Estudos posteriores de Brian Hore demonstraram a sobrevivência dos humanos mais amigáveis, tal como ocorria com as raposas. Brian foi a fazendas de raposas que já estavam na 45ª geração, fez testes e descobriu um desempenho superior no item inteligência. A docilidade estimulou o cérebro das raposas.
No estudo de Brian, o mesmo ocorreu nos seres humanos e ajuda a explicar o porquê os agrupamentos mais violentos desapareceram enquanto os mais sociáveis prosperaram. Defende a teoria que no progresso, inclusive intelectual e ético nos desenvolvemos mais, comprovando a superioridade das pessoas negociadoras sobre as agressivas.
Examinando a História e a Evolução que se processaram ao longo do tempo, podemos nos inclinar para a convicção de sermos bons e não maus por natureza.
Analisemos: admitiríamos hoje que se realizassem sacrifícios humanos para agradar uma divindade? (Abrahão esteve prestes a imolar seu filho Isaac); a crucificação era pena admissível e aplicada inclusive para punir ladrões (Cristo foi crucificado entre dois ladrões); no Far-West ladrões de cavalos eram enforcados; feiticeiras eram queimadas vivas em fogueiras sob auspícios da Santa Inquisição; a escravidão, um regime que apenas recentemente foi abolido; armas químicas usadas na Iª Guerra Mundial: gás de cloro, gás mostarda e gás fosgênio – os nazistas usaram o Zyklon B e o gás cianídrico.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado