Células tronco – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CÉLULAS TRONCO
Em coluna anterior abordei uma falácia: “Antigamente era melhor”.
Estou consciente que os argumentos foram convincentes e dificilmente encontraríamos alguém disposto a retornar a um mundo sem vacinas, antibióticos, ANESTESIA, medicamentos eficazes para minorar as consequências e os sofrimentos resultantes.
Nesta coluna pretendo abordar um dos projetos destinados a protagonizar um tratamento para males que nos afligem e contra os quais ainda não podemos afirmar que os dominamos por inteiro. No futuro, a curto-prazo alguns, a médio e longo prazos outros tantos serão combatidos com eficácia, paulatinamente.
Passemos aos fatos. Em termos práticos podemos afirmar que células tronco são células que têm o potencial de recompor tecidos danificados e, assim, auxiliar no tratamento de doenças como o câncer, o Mal de Parkinson, o Alzheimer, recuperação de lesões na medula, controle da dor, doenças degenerativas cardíacas, doenças autoimunes, entre outras. É um campo já vasto e os horizontes se ampliam diariamente.
Qual a diferença entre células tronco com as demais que constituem o nosso organismo? Usemos um exemplo simples, porém elucidativo. Tijolos, simples tijolos podem ser usados para construir uma casa, um hospital, uma fábrica, um templo para cultuarmos religião e também uma casa de tolerância. São os mesmos tijolos, o resultado é que difere.
A pele, os rins, órgãos dos mais diversos e até o cérebro, o mais nobre, sofrem lesões ao longo da vida e, quando as consequências beiram um desastre total ou o cérebro são postos em xeque, antes de sobrevir o xeque-mate o organismo recorre a elas, que são células indiferenciadas e podem se transformar em qualquer tipo das que compõem o nosso corpo. Mal comparando, podem, como os tijolos construir um templo ou um hospital, as células tronco podem reparar um rim, a coluna vertebral e o próprio cérebro. Estão aí, à disposição do organismo. Estamos iniciando a longa jornada que nos levará a utilizá-las para regenerar os estragos que a natureza sozinha não poderia.
O uso de células tronco faz parte do campo da medicina regenerativa, surgido há duas décadas. Na medicina regenerativa as células e os fatores de crescimento do próprio organismo são usados para reparar tecidos e restaurar sua função. Vários produtos e terapias celulares já foram aprovados pelos órgãos reguladores de vários países e estão em uso como, por exemplo, substitutos da pele para tratar queimaduras, reparar incisões cirúrgicas. Produtos derivados do sangue do cordão umbilical para tratar algumas doenças e transtornos sanguíneos. Tem potencial para revolucionar o tratamento de doenças nas próximas décadas.
Vemos um futuro em que a medicina regenerativa será uma especialidade médica como a cardiologia e a neurologia diz o Dr. Shane Shapiro da clínica Mayo, na Flórida, Estados Unidos.
Há limites para tudo, alguns tratamentos melhoram a qualidade da vida, mas são terapias que não curam. O diabetes, e o colesterol alto, doenças que são tratadas e não existe cura para elas, continuarão assim, porém, com mais eficácia e menores efeitos colaterais.
Há charlatães que pegam carona em tratamentos em fase experimental e afirmam curar coisas como a disfunção erétil e demência, sem provas genuínas.
Ainda passarão vários anos antes de tudo ser testado, aprovado e disponibilizado, porém, o simples fato de avanço acelerado nesse tipo de terapia já abre uma luz no fim do túnel e estamos convictos que o futuro nos trará contínuos e esplendorosos resultados. Assim como o advento das vacinas, antibióticos e outros que tais, o nível de vida dará m salto de qualidade.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado