O agir revela o coração – Dom Jaime Pedro Kohl
O agir revela o coração
A Palavra de Deus deste domingo, 10/07, nos ajuda a entender melhor como funcionam as coisas na ótica de Deus. Nossa religião judaico-cristã não se sustenta com aparências, puras exterioridades, mas pelo coração, com uma interioridade cheia de coisas essenciais, que não se compram no mercado,mas habitam nas pessoas honestas.
Dt 30,10-14 começa falando da necessidade de “ouvir a voz do Senhor e observar seus mandamentos”. Depois insiste: “converte-te para o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma”.
Esses dois aspectos ‘alma e coração’ são condição para ‘ver e entender’ e indicam o envolvimento de todo o ser. Depois, com várias comparações nos faz entender que a Palavra de Deus está muito mais perto de nós do que nós imaginamos: “está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir”.
Se a Palavra de Deus está ao nosso alcance, significa que pode ser ouvida, assimilada e vivida, por todos e traduzir-se em gestos concretos de amor e compaixão.
Na parábola do bom samaritano, o mestre da Lei pergunta a Jesus, o que ele deve fazer para receber em herança a vida eterna. Ao que Jesus perguntou: o que está escrito na lei? O mestre sabiamente respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” Jesus diante dessa resposta lúcida disse: “fazer isto e viverás”.
Não se dando por satisfeito e meio que querendo justificar-se perguntou: “E quem é o meu próximo?” Jesus contou a história do bom samarita no que conhecemos: viu o caído, aproximou-se e sentiu compaixão. Derramou óleo e vinho sobre as feridas, colocou-o no seu animal, o levou numa pensão e cuidou dele.
À pergunta de Jesus: “Quem foi o próximo do homem ferido?” mais uma vez o mestre da lei respondeu corretamente: “aquele que usou misericórdia para com dele”. E Jesus retrucou: “Vai e faz a mesma coisa”.
Muitas são as lições que podemos tirar para nós e infinitas as formas de atuarmos esta Palavra que interpela nosso coração. O que não podemos é ficarmos indiferentes e insensíveis aos que clamam por solidariedade.
Fica claro que quem ama pratica a misericórdia, tem compaixão, se aproxima, vê e para, socorre com que tem e como pode, gasta tempo e meios para aliviar a dor e o sofrimento do irmão caído. Não nos deixemos tomar pela globalização da indiferença. Se o amor de Deus está no nosso coração, de alguma forma, aparecerá no nosso agir.
Para refletir: Consigo alguma vez para meditar a Palavra de Deus? Posso dizer que o amor de Deus habita meu coração? Como o reconheço? Minhas atitudes e comportamentos que tipo de cristão revelam?
Textos bíblicos: Dt 30, 10-14; Col 1, 15-20; Lc 10, 25-37; Sl 68(69).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório