O sim de uma família salvou o meu amigo
Rio Grande do Sul: O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) atingiu, em julho, a marca de 2.500 transplantes renais.
O primeiro procedimento foi realizado em 1977.
Recentemente, a pandemia resultou na redução das doações e na diminuição dos transplantes, enquanto a fila de espera não parou de crescer.
Uma das pessoas que estava nesta lista, à espera de um rim, é Deleon Rodrigues, de 41 anos, que foi transplantado em junho no HCPA e sofria de uma condição hereditária em que cistos se desenvolvem nos rins.
“Comecei a sentir fraqueza, enjoo, peso nas pernas e não podia tomar nem água. Parece que a gente está envenenado quando o rim não está funcionando”, explica.
Durante cinco anos, três vezes por semana, ele se deslocava cerca de 70 km para fazer hemodiálise e nunca sabia se conseguiria trabalhar nestes dias por conta do mal estar.
Enquanto isso, aguardava por seu transplante com medo de que seu estado piorasse com a demora, impedindo o procedimento.
A espera terminou quando recebeu a ligação em que ouviu o que tanto esperava: foi encontrado um doador compatível.
No mesmo dia ele entrou para a cirurgia no Hospital de Clínicas. Foi um sucesso.
Para comemorar, a família e amigos encomendaram 60 camisetas com a frase “O sim de uma família salvou o meu amigo”.
A palavra amigo foi substituída em alguns casos para irmão, dindo, genro, marido e tio.
Deleon foi transplantado a tempo, mas muitas pessoas não têm esta sorte.
Mesmo com a melhora da pandemia de coronavírus, muitos órgãos que poderiam ser doados acabam não chegando em quem precisa.
No Brasil, é responsabilidade dos familiares decidir se o falecido irá doar seus órgãos.
Segundo o professor Roberto Manfro, chefe do Serviço de Transplantes do HCPA, “atualmente mais de 3 mil pacientes encontram-se à espera de um órgão ou tecido no Rio Grande do Sul.
A generosidade, empatia e cidadania das doações são cruciais para que se salve ou melhore essas milhares de vidas”.