De repente ancestral - José Alberto Silva - Litoralmania ®
José Alberto Santos da Silva
Colunistas

De repente ancestral – José Alberto Silva

Tenho sentimentos controversos a negros bem sucedidos casados com brancos e brancas de condição, geralmente, inferior a deles, iludidos que a embriaguez do sucesso possa livrá-los de sofrerem o que seu Jorge, o Neymar e outros já sofreram, mas não denunciam em alienação voluntária de seus próprios sentimentos.

Perguntado por um branco como enfrentaria o racismo na Europa, o jogador de futebol da seleção 7X1 respondeu que não teria problema por não ser negro.

Os sonhos desses talentos endinheirados, primeiro é que esquecem qual a cor que os acompanha; depois, querem ser aceitos integralmente pelo mundo branco menosprezando as dificuldades do homem e da mulher quando são gente comum. Mais nauseantes se tornam ao atribuírem às vítimas, a culpa por seus fracassos e loucuras justificando os brancos.
Ao ler sobre o campo de concentração de Treblinka, temos a abordagem policial na Polônia dos nos 30’.

– Entre nesse camburão! – ordenava o soldado nazista.

– Não entro! – Protestava o homem, indignado. – Não sou criminoso, não fiz nada de errado! Sou o Dr. Fulano de Tal, indicado várias vezes para um Premio Nobel disto e daquilo.

– Entre nesse caminhão, duma vez, porque tu és apenas um judeu.

Nossa negativa em “embarcar” nas guarnições da PM ou BM, criadas para a repressão dos vadios, fez com que de 99% que éramos da população no Brasil, em 1900, fossemos reduzidos aos atuais 58%, por uma causa morte genocida que nos ataca a cada 20 minutos chamada covardia. Estamos nos encaminhando para coisa pior do que balas perdidas. Escandalosamente escancaradas como o que vemos em câmara de gás nazista em carros de polícia, em espancamentos exemplares pensando que negros não sentem dores, em meninos industrializados para o crime, para roubar e matar por ordem de alguém.

Não pensem bonitinhas e endinheirados que são melhores do que meu pai, minha mãe e meus avós. A riqueza que eles tinham o mundo não valorizava, a beleza daquelas orixás, ninguém, nem mesmo nossa comunidade talentosa enxergava, preferindo prostração frente à santas senhoras de pele clara. A alegação do livre arbítrio sempre salva-lhes o individualista direito de sacrificar a história e o sofrimento de suas próprias mães, pais e avós. Nas fotos de família são um único ponto negro que não significa exatamente integração, mas a “A remissão de Cam”.

Quando são chamados de “negros”, as bonitinhas e os bem posicionados senhores doutores se enchem de melindres. Para eles, negra, não é a raça deles da qual dizem ter repentino orgulho, quando confrontados, ser negro soa em seus nervos com o significado de condição que impõe submissão pura e simples, inferioridade, humilhação.

Aí lhes aflora a revolta ancestral por inesquecíveis 400 anos de direito absoluta sobre a vida de milhões de pessoas. Nenhum negro deve se importar de ser chamado de “macaco”.

Que serventia gloriosa tem um macaco cientista, literato ou atleta, pois aberrações fantasiadas de gente com origem em coisa bem pior e sem nome, bem conhecidas como – inomináveis.

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