A crise dos alimentos
A Organização das Nações Unidas está alertando para mais uma tragédia mundial configurada na escalada planetária no preço dos grãos, fato que levou a entidade a marcar uma reunião de emergência, na Suíça, para debater o problema da fome no mundo e a alta exagerada no preço dos alimentos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, está muito preocupado com este drama “real e global”, por isto pretende um entendimento com os líderes mundiais, a fim de encontrar uma forma de solucionar a questão do abastecimento, assim como uma maneira de baratear e expandir a produção, o que já se antevê, não será tarefa fácil, visto que o custo da alimentação teve uma alta de aproximadamente 40% em todo o planeta, e as reservas mundiais se encontram no nível mais baixo dos últimos 30 anos.
De imediato podemos perceber duas facetas bem claras e distintas do problema, a primeira diz respeito diretamente com o preço de produtos como o arroz, o trigo e o milho, que praticamente dobraram de preço nos últimos meses, e está vinculada com a famigerada “especulação de mercado”, como afirmou Franz Fischler, ex-comissário de agricultura da União Européia, sendo a causa de várias rebeliões em paises da Ásia.
A segunda face da questão está ligada ao aumento da produção de alimentos, e neste aspecto o alerta da ONU está intimamente relacionado com a reclamação vinda dos “países ricos” contra o Brasil, acusado de se dedicar mais à produção de etanol do que de alimentos.
Acusação esta que recebeu resposta imediata do presidente Lula, que afirmou a improcedência destas críticas, pois o Brasil não deixa de plantar alimentos para produzir biocombustíveis, responsabilizando a alta do preço do petróleo, que encarece o frete e os combustíveis, com reflexos imediatos nos alimentos.
O Brasil apresenta uma situação confortável neste cenário de crise, pois colherá uma supersafra de 140 milhões de toneladas, garantindo o abastecimento da população, porém, o preço do petróleo e a crise mundial poderão elevar o valor dos alimentos e comprometer as metas inflacionárias.
Toda esta celeuma em torno à produção de alimentos fez recordar o polêmico economista inglês Thomas Malthus (1798), famoso porque afirmava que a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população cresce em progressão geométrica, gerando miséria e fome, assim, se a natureza não auxiliasse na diminuição da população com as pestes, epidemias e guerras, a solução seria negar qualquer assistência aos pobres e aconselhá-los a parar de praticar sexo, para diminuir a natalidade.
Aguardamos uma solução menos drástica…