Estudo no litoral gaúcho revela efeitos em cascata do aquecimento global
Pesquisadores da Universidade de Bremen, na Alemanha, liderados por um jovem brasileiro, desvendaram as causas do aquecimento mais drástico de uma região do globo nos últimos 80 mil anos. Há 14,7 mil anos, as águas do Atlântico Norte aqueceram 9°C em duas décadas. Para que se tenha uma idéia, desde o início da Revolução Industrial, no século 18, a ação humana aumentou a temperatura da Terra em 0,7°C, com impactos ambientais significativos.
A descoberta é parte da tese de doutorado de Cristiano Chiessi, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foi publicada na edição deste mês da revista científica Geology. Chiessi procurou no litoral gaúcho as causas do aquecimento nos mares do norte. Carapaças de microrganismos depositadas no fundo do mar ofereceram as informações necessárias para descrever as variações nos últimos 20 mil anos.
Os cientistas identificaram um pequeno aquecimento na costa sul-africana, que percorreu a costa da América do Sul e alterou radicalmente a dinâmica da temperatura e da salinidade no Norte.
Chiessi voltou ao Brasil há dois meses, depois de concluir suas pesquisas no Centro de Ciências Ambientais Marinhas da Universidade de Bremen. Os cientistas já estudam há muito tempo o evento de Bölling, como é conhecido o fenômeno descrito por Chiessi.