O Comando Rosa
Não são apenas os presídios que revelam as organizações dos detentos que atuam livres e impunemente, mesmo cingidos por muralhas que, nem sempre, dirimem qualquer possibilidade de evasão. Tal realidade torna-se cediça explicá-la, eis que a mídia, exaustivamente, põem à mostra o hediondo cancro.
Por outro lado, não são poucas as salas de aula onde igualmente imperam organizações.
Durante o ano de 2004, predominou no curso de Psicologia da Universidade Luterana de Canoas, uma facção feminina, então conhecida pelo codinome de “Comando Rosa”.
O domínio exercido pelo grupelho era tamanho que até o obsoleto titular da disciplina de Genética do Comportamento Humano sucumbia – a exemplo de Luiz XIII, que se vergava às intrigas e às ordens do Cardeal Richelieu. A “cardenalina” incorporara as extravagâncias da histórica “Eminência Parda”. As pelegas (conforme a história francesa, Rochefort), aplaudiam incontinenti a todas as perorações da déspota.
À semelhança daquela época, em que os prosélitos de Sua Eminência estigmatizavam com a flor de lis, gravada a ferro e fogo nos ombros dos perseguidos D’artagnan, Athos, Porthos, Aramis, Madames Bonacieux e outros que se lhes cruzassem o caminho e ousassem diminuir o brilho e a autoridade do clero junto ao rei, o Comando Rosa outorgava-se o mesmo direito, através do veneno mortífero do escárnio destilado de suas línguas.
Tal postura não era, evidentemente, profícuo num comportamento de grupo. Havia, lactente, nos demais alunos da classe, ainda que não o admitissem, o receio de, igualmente, sofrerem o estigma, sobretudo se invariavelmente acatado pelo “reizinho da Bobolândia”, isto é, o submisso professor de Genética do Comportamento Humano. Ele reinava, mas não governava.
Mais de dois séculos separam-nos daqueles fatos, mesmo porque as vilanias do Cardeal se perpetuaram tão-somente nos anais sombrios da história de França.
Da Faculdade de Psicologia, fiquei sabendo, desarticulou-se o malfadado “Comando”, não com a tomada da “Bastilha do Século XXI”, porém, com o fim do prazo de validade do “reizinho” e pelo ostracismo do “Comando Rosa”.
A líder? Provavelmente defende, hoje, tese em “Os Biguebróderes do Plilplim e o Teste Psicotécnico para Candidatos a Catadores de Material Reciclável”.