Pressão imobiliária ameaça Parque da Guarita em Torres, afirmam especialistas
Ambientalistas e especialistas criticam projeto de construção de dois prédios de 14 andares nas proximidades do Parque Estadual da Guarita, em Torres.
A proposta, batizada de Guarita Park Home Resort, foi protocolada pela construtora R. Dimer em maio deste ano e está sob análise da prefeitura da cidade no Litoral Norte.
No entanto, o município aguarda a entrega de estudos de impacto ambiental por parte da incorporadora.
A construção está prevista para ocupar o terreno do antigo Guarita Park Hotel, que possuía apenas três pavimentos.
Com duas torres de 44 metros de altura cada, o empreendimento será erguido entre as ruas Alfieiro Zanardi, Boa Vista, Araribóia e São Francisco de Assis, no bairro São Francisco.
Segundo o plano, o local integrará tanto áreas privativas quanto espaços de uso comum, além de oferecer paisagismo e infraestrutura de lazer.
A verticalização da área sensível gerou polêmica entre ambientalistas. Lara Lutzenberger, presidente da Fundação Gaia e filha do ambientalista José Lutzenberger — idealizador do Parque da Guarita na década de 1970 —, declarou que o empreendimento marcará o início de uma verticalização que pode prejudicar o equilíbrio da região.
— O bairro ainda preserva construções de baixo porte. Iniciar a construção de prédios altos ali é um erro que jamais deveria ocorrer. O impacto ecológico e paisagístico será grave — alertou Lara.
Ela também destacou que o adensamento urbano traria problemas como excesso de lixo, efluentes e aumento na circulação, dificultando a mobilidade local e sobrecarregando a infraestrutura pública.
Christian Linck da Luz, biólogo e presidente da ONG Onda Verde, concorda. Ele salientou que o Parque da Guarita é uma área ambiental única, parte do território do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, que possui morros preservados por milhões de anos.
“Apesar de o título de geoparque não proibir construções, é necessário ponderar o impacto de cada intervenção,” afirmou Luz, mencionando que o projeto pode alterar o fluxo de vento e afetar a fauna migratória.
Construtora Responde
A construtora R. Dimer, por sua vez, defendeu o projeto, alegando que a construção atende às diretrizes do novo Plano Diretor de Torres.
Em nota, a empresa destacou que o projeto foi “amplamente debatido” durante a aprovação do plano urbanístico e segue padrões de sustentabilidade.
“A proposta está dentro dos limites legais e foi projetada com dimensões menores que o máximo permitido,” informou a construtora.
A empresa ainda ressaltou que o empreendimento recebeu elogios de investidores e parte da comunidade. “Estamos abertos ao diálogo, mas repudiamos informações inverídicas que circulam e analisaremos medidas legais se necessário,” concluiu a nota.
Ato Simbólico
Para protestar contra o empreendimento, moradores e ativistas ambientais programaram um abraço simbólico ao Parque da Guarita para este sábado (19), às 10h.
A iniciativa busca sensibilizar a comunidade e pressionar a administração municipal a reavaliar a viabilidade da construção.
A prefeitura de Torres informou que a análise do projeto está em andamento desde maio e aguarda os estudos de impacto ambiental e de vizinhança para decidir o futuro do empreendimento.
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