Vida & Saúde

População brasileira sofre com sobrepeso ou obesidade

Mais da metade da população brasileira sofre com excesso de peso. O estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), produzido pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de São Paulo (USP), mostra que 43,3% da população estão com o peso acima dos níveis recomendados (sobrepeso) e 13% estão obesos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera com sobrepeso as pessoas que estão com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 25, e obesas as que têm IMC a partir de 30.

“Temos uma tendência histórica de elevação no país e no mundo inteiro de sobrepeso e obesidade. Para reduzir esses níveis é fundamental que a gente avance tanto na prática de exercícios físicos regulares quanto na alimentação saudável”, avalia a coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis do ministério, Deborah Malta. De acordo com ela, o aumento do consumo de frutas e hortaliças e a diminuição da ingestão de carnes com gorduras ainda não são suficientes para conter essa “epidemia”.

Para levantar os dados, adultos das 27 capitais foram entrevistados por telefone, entre junho e dezembro de 2008, sobre consumo de álcool e tabaco, padrão de alimentação, peso e altura, nível de atividade física, perfil sociodemográfico, atualização de exames preventivos e índices de doenças como hipertensão e diabetes.

“Um fator que nos traz preocupação é o aumento do consumo abusivo de álcool para essa tendência de crescimento da obesidade e do sobrepeso”, alerta o coordenador do Vigitel, Otaliba Libânio Neto, da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério. A OMS considera consumo excessivo de álcool a ingestão de mais de quatro doses para mulheres e cinco doses para homens em um mesmo momento. Ou seja, se em uma festa um homem consumir mais que cinco latinhas de cerveja ou cinco taças de vinho, por exemplo, este consumo é considerado abusivo – ainda que isso ocorra apenas uma vez no mês.

No Brasil, o índice de pessoas que ultrapassam esta barreira é de 19%, no total. Os homens jovens e as mulheres em geral são os grupos que mais preocupam. Entre eles, o consumo abusivo de álcool chega a 30% na faixa que vai de 18 a 44 anos. Entre as mulheres, apesar de o índice ainda ser bem menor, o consumo subiu de 8,1% da população feminina em 2006, para 10,5% em 2008 – aumento de cerca de 20%.

A saúde delas também foi observada pelo estudo, quanto à realização de exames preventivos. O Vigitel constatou que 71% das mulheres com 50 anos ou mais fizeram mamografia nos últimos três anos e 80,9% das que têm entre 25 e 29 anos fizeram exames de prevenção do câncer do colo de útero. O percentual de mulheres que passaram por esses procedimentos aumentou, quando o nível de escolaridade também subiu. Em ambos os casos, os índices ultrapassam os 89% em mulheres com 12 anos ou mais de escolaridade. A mamografia é recomendada para mulheres entre 50 e 69 anos pelo menos uma vez a cada dois anos.

O Vigitel registrou ainda uma queda no tabagismo, que passou a atingir 15,2% da população em 2008. Em 1989, os índices eram superiores a 34%. Além disso, caiu de 2% para 1,5% nas pessoas que admitem dirigir após consumo abusivo de álcool. Otaliba Neto credita que retrações se devem à legislação restritiva que surgiu nos últimos anos, proibindo propagandas e restringindo o uso dessas substâncias.

O diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial também teve um aumento, segundo constatou o estudo. Os números subiram de 21,6% dos entrevistados em 2006, para 23,1% em 2008.

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