De Romaria em Romaria – Dom Jaime Pedro Kohl
Nós, Diocese de Osório, acabamos de celebrar a 132ª Romaria de Nossa Senhora das Lágrimas no município do Caraá.
Muitos peregrinos passaram diante da Mãe das Lágrimas e derramaram diante dela suas lágrimas, sofrimentos e dores, seus pedidos de socorro e consolação.
Retornaram fortalecidos para suas famílias e comunidades, com o propósito de semear a esperança cristã a partir da experiência do encontro com Jesus e do abraço do Pai misericordioso.
Vem aí o Carnaval mais uma vez. A Igreja do Rio Grande do Sul, há quase 50 anos, realiza neste dia a Romaria da Terra. Este ano, ela acontecerá em Arroio do Meio, diocese de Santa Cruz do Sul, região que mais sofreu com as catástrofes ocorridas por duas ocasiões consecutivas.
Dom Itacir assim escreve: “Os clamores das pessoas e comunidades atingidas ainda ressoam, mesmo em meio às iniciativas de reconstrução. As lágrimas derramadas pelas perdas humanas, culturais e econômicas continuam brotando, mesmo sem a devida visibilidade. E a terra desnudada e os rios assoreados seguem expondo suas feridas e nos convocando a tratá-los mais como irmãos e irmãs do que como simples fontes de recursos, lucros ou depósitos de dejetos.”
Nós podemos fazer comunhão com as lágrimas derramadas em Trevilho, Caraá, Arroio do Meio e em qualquer lugar onde a Terra chora, gritando por socorro. Na Quarta-feira de Cinzas, iniciaremos a Quaresma e abriremos a Campanha da Fraternidade, que tem como tema: Fraternidade e Ecologia Integral.
Nesses dias de folia, muitos cristãos preferem se retirar do tumulto e se entregar ao recolhimento e à oração, como no já tradicional “Retiro de Carnaval”. Para nós, gaúchos, temos uma experiência alternativa: a Romaria da Terra.
Dom Itacir expressa muito bem o espírito que a deve animar: “RECONSTRUIR A CASA COMUM COM FÉ, ESPERANÇA E SOLIDARIEDADE é o compromisso que guiará esta grande celebração, que pretende reunir, lado a lado, a Igreja sofrida, que ainda chora a dor de perdas irreparáveis, e a Igreja solidária, que não se nega a repartir os recursos, estender a mão e pisar na lama para socorrer seus irmãos. Esta Romaria quer ser o encontro samaritano das comunidades, terras e cidades arrasadas com as pessoas, comunidades e organizações que não desviaram o olhar para passar adiante.”
Que nunca percamos o espírito de peregrinos que rumam à Casa do Pai, vivendo com esperança e solidariedade os dias que nos são dados.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório