Linchado em Tramandaí, homem já havia atacado adolescente: “marcas desse crime ainda estão presentes”
O homem linchado por moradores de Tramandaí na última quarta-feira (26), após sequestrar uma menina de nove anos, já possuía um histórico criminoso.
Ele passou um ano e cinco meses preso em Porto Alegre entre 2020 e 2021 por invadir uma casa e tentar sequestrar uma adolescente de 17 anos.
Histórico de Crimes
O crime pelo qual ele foi condenado aconteceu em 25 de maio de 2020, no auge da pandemia de Covid-19.
Conforme os autos do processo, o criminoso entrou na residência de uma família no bairro Rubem Berta, Zona Norte da capital gaúcha, utilizando um carrinho de mão e um cobertor.
No ano anterior, ele havia trabalhado como pedreiro na moradia e, segundo a investigação, copiou as chaves sem que a família soubesse.
Aproveitando-se dessa vantagem, ele retornou à casa quando apenas a adolescente de 17 anos estava presente.
Ele foi até o quarto da garota e, sob ameaça de esfaqueá-la, agrediu-a com tapas no rosto, ordenando que ficasse em silêncio. Em seguida, amarrou suas mãos e pernas e tapou sua boca com fita adesiva.
O criminoso levou a vítima para a porta dos fundos, colocou-a em um carrinho de mão e a cobriu com o cobertor. Durante a tentativa de se livrar do agressor, a jovem recebeu socos na cabeça.
O criminoso ainda pressionou seu pescoço até que ela perdesse a consciência.
Já na rua, a adolescente conseguiu se desvencilhar da fita na boca e gritar por ajuda. Ele tentou golpeá-la novamente, mas a vítima se debateu, fazendo o carrinho tombar.
Uma vizinha ouviu os gritos e interveio, chamando reforço da família.
Com a ajuda de seu marido, sogra e cunhada, a mulher impediu a fuga do sequestrador até a chegada da Brigada Militar, que realizou a prisão.
Consequências e Trauma Familiar
A jovem sofreu múltiplas lesões, incluindo hematomas no rosto, na mucosa e uma pancada na região cervical, conforme laudo pericial.
Além do impacto físico, ela ainda lida com sequelas psicológicas e médicas, incluindo um descolamento de retina.
O pai da vítima, revelou que a família precisou se mudar para Alvorada em busca de segurança.
A jovem segue em tratamento psicológico e faz uso de medicação para lidar com as consequências do ataque.
— Ela está tentando levar uma vida normal, mas as marcas desse crime ainda estão presentes — relatou o pai.
Ao descobrir que o agressor foi linchado em Tramandaí, a família sentiu alívio.
— A verdade é que sempre tivemos medo de que ele voltasse para terminar o que começou. Saber que ele não poderá machucar mais ninguém traz um certo conforto — afirmou.
Falhas no Sistema
Mesmo tendo sido condenado, o sequestrador não possuía qualquer restrição de liberdade quando raptou a menina em Tramandaí.
Ele cumpriu sua pena e teve sua penalidade extinta em 30 de janeiro.
Sem qualquer monitoramento, ele voltou a cometer um crime semelhante, culminando no ato de justiça com as próprias mãos praticado pela população.
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