Caso Bernardo: Edelvânia morre em cela

Caso Bernardo: Edelvânia Wirganovicz, de 51 anos, uma das condenadas pelo brutal assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, foi encontrada sem vida nesta terça-feira (22) dentro da cela que ocupava…
Caso Bernardo: Edelvânia morre em cela

Caso Bernardo: Edelvânia Wirganovicz, de 51 anos, uma das condenadas pelo brutal assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, foi encontrada sem vida nesta terça-feira (22) dentro da cela que ocupava no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre.

A Polícia Penal confirmou o óbito e, segundo os primeiros indícios divulgados em nota oficial, tudo aponta para que a própria apenada tenha cometido o ato.

A morte de Edelvânia ocorre cerca de dois meses após seu retorno ao regime semiaberto, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2025.

A decisão do ministro Cristiano Zanin, atendendo à Procuradoria de Recursos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), revogou a prisão domiciliar que ela cumpria desde 2023, alegando que a condenada ainda tinha mais de 50% da pena pendente.

De condenada a morta na cela: a trajetória de Edelvânia

Condenada a 22 anos e 10 meses de prisão em março de 2019 por envolvimento direto no assassinato do menino Bernardo, ocorrido em abril de 2014 no município de Três Passos, Edelvânia passou por diferentes regimes de cumprimento de pena.

No ano de 2022, ela teve acesso ao regime semiaberto. Porém, em 2023, por decisão da 2ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, foi encaminhada à prisão domiciliar com monitoramento eletrônico devido à superlotação no sistema prisional.

O benefício foi revogado pelo STF em 25 de fevereiro de 2025, forçando seu retorno à penitenciária.

O crime que chocou o Brasil: a morte de Bernardo

Bernardo Uglione Boldrini, de apenas 11 anos, foi visto com vida pela última vez em 4 de abril de 2014.

Inicialmente, o fato divulgado é de que ele teria ido dormir na casa de um colega, a poucas quadras de distância.

O desaparecimento foi registrado dias depois, com o pai, Leandro Boldrini, acionando a imprensa para solicitar ajuda nas buscas.

O corpo do menino foi localizado dias depois em uma cova em Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul, a cerca de 80 km de Três Passos.

O local apresentava características que exigiriam força física para escavação, o que reforçou a hipótese da participação de mais de uma pessoa no crime.

Na mesma noite da descoberta do corpo, foram presos o pai de Bernardo, a madrasta Graciele Ugulini e a amiga do casal, Edelvânia Wirganovicz. Mais tarde, o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, também foi detido por suspeita de envolvimento.

Caso Bernardo – Detalhes do julgamento

Em março de 2019, o primeiro julgamento do caso resultou na condenação de Leandro, Graciele, Edelvânia e Evandro.

No entanto, em dezembro de 2021, a sentença do pai foi anulada por decisão do Tribunal de Justiça, alegando desequilíbrio entre defesa e acusação. Um novo júri, realizado em 2023, resultou na condenação de Leandro a 31 anos e oito meses de prisão.

Graciele Ugulini foi condenada por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver, e atualmente está no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier.

Na última semana, no entanto, a Justiça autorizou sua progressão para o regime semiaberto. A decisão foi proferida pelo juiz Geraldo Anastácio Brandeburski Júnior, da 2ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre.

Já Evandro Wirganovicz, condenado a nove anos e meio, cumpriu integralmente sua pena, sendo libertado em janeiro de 2024.

Repercussões da tragédia

O caso revelou a negligência e maus-tratos que Bernardo sofria em casa. Órfão de mãe — Odilaine Uglione cometeu suicídio em 2010 —, o menino chegou a procurar ajuda judicial para mudar de ambiente familiar.

A avó materna e ex-babás relataram episódios de abandono, agressões verbais e desprezo por parte da madrasta e do pai.

A brutalidade do crime, os detalhes do envenenamento com Midazolam, a frieza com que o corpo foi enterrado e a tentativa de manipulação da opinião pública por parte do pai chocaram o Brasil e mobilizaram a opinião pública por justiça.

A morte de Edelvânia encerra mais um capítulo sombrio de uma das histórias mais dolorosas do Judiciário gaúcho, levantando ainda mais questionamentos sobre o sistema penal brasileiro, a saúde mental de apenadas e os desdobramentos da tragédia que tirou a vida de um menino em busca de amor e acolhimento.

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