Remanejamento de voo: A cada aniversário do fatídico 17 de julho, a memória da tragédia aérea do voo JJ-3054 da TAM volta à tona, trazendo consigo relatos e informações sobre o acidente que marcou a história da aviação brasileira. Este ano ganhou ainda mais força com a série da Netflix sobre o caso.
Um capítulo que ressurge com força é o de que a delegação do Grêmio Porto-Alegrense escapou por um triz de estar a bordo da aeronave que se desgovernou em Congonhas, um destino cruel semelhante ao que assolou a Chapecoense em novembro de 2016.
Naquela terça-feira, 17 de julho de 2007, o planejamento do Grêmio previa o deslocamento da equipe na rota Porto Alegre/Congonhas, com conexão imediata para Goiânia.
O motivo da viagem era a partida contra o Goiás, válida pelo Campeonato Brasileiro, que seria realizada na quinta-feira, 19, no Estádio Serra Dourada.
No entanto, um imprevisto no planejamento logístico do clube gaúcho se tornou o fator crucial que evitou uma tragédia.
Não foi possível garantir um número suficiente de assentos para toda a delegação no voo inicial para São Paulo, o que exigiria que a viagem fosse feita em grupos separados.
O então treinador do Grêmio, Mano Menezes, manifestou seu descontentamento contra essa divisão, e a solução, encontrada apenas na véspera da viagem, foi a alteração da rota.
A TAM ofereceu a opção do voo JJ-3764, com destino a Brasília, partindo de Porto Alegre às 16h, com conexão imediata para Goiânia.
Remanejamento de voo – Quase tragédia Gremista
César Pacheco, que ocupava o cargo de vice-presidente do Grêmio na épocafalou sobre o caso.
“Por acaso era eu o chefe da delegação. O presidente Paulo Odone tinha um compromisso que o impedia de viajar. Os clubes eram obrigados a utilizar os voos da TAM, que era a companhia aérea parceira da CBF.
Fomos, então, alocados em um voo para Brasília, que decolou do Aeroporto Salgado Filho pouco antes do horário previsto para o JJ-3054.
Da capital federal, seguimos para Goiânia. Enquanto aguardávamos na sala de trânsito em Brasília, a primeira notícia que chegou foi a de que um avião cargueiro havia caído em São Paulo.
A real extensão da tragédia só nos foi revelada ao chegarmos ao aeroporto de Goiânia.
Os primeiros telefones celulares a tocarem foram os dos atletas Schiavi e Saja.
Familiares ligavam da Argentina, pois as informações que circulavam em Buenos Aires davam conta de que o Grêmio estava naquele voo.
A partir desse momento, houve uma confusão de informações desencontradas. Imediatamente, comecei a ligar para Marco Antônio da Silva, um amigo que era superintendente regional da TAM em Porto Alegre.
Foram várias tentativas, mas ele não atendeu. Infelizmente, ele também estava a bordo da aeronave que explodiu.”
Cacalo
César Pacheco também revelou um diálogo emocionante:
“O Cacalo me ligou em prantos, expressando sua imensa felicidade ao ouvir minha voz, pois a notícia inicial era de que toda a delegação estava, de fato, no voo fatídico.
Na manhã seguinte, em diversas entrevistas, relatei a troca de voo decidida poucas horas antes da decolagem original.
Paulo Pelaipe era o diretor de futebol na época. Os jogadores eram os mesmos que haviam conquistado o vice-campeonato da Libertadores em 2007. Lembro-me de nomes como Tcheco, Diego Souza, Douglas e Carlos Eduardo.”
Uma pesquisa no Google reconstituiu a escalação do Grêmio naquela data: Saja; Patrício, Schiavi, William Machado e Thiego; Edmilson, Diego Souza, Tcheco (substituído por Adilson) e Anderson Pico; Everton Costa (substituído por Douglas) e Carlos Eduardo (substituído por Kely).
Marcelo Grohe e William Magrão estavam no banco de reservas e não participaram da partida.