Polícia Civil deflagrou a Operação Litus nesta terça-feira em diversos municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em uma ação de combate direto à atuação de organizações criminosas.
A ofensiva, coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas, teve como alvo grupos que operam no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, comércio ilegal de armas de fogo, extorsão e outras práticas ilícitas.
A megaoperação, que mobilizou cerca de 150 agentes da Polícia Civil, resultou em 11 prisões, além da apreensão de armas de fogo, munições e veículos, e ainda determinou a indisponibilidade de bens móveis e imóveis relacionados às atividades criminosas.
Ao todo, foram 75 medidas cautelares cumpridas simultaneamente, incluindo mandados de busca e apreensão, prisões preventivas, bloqueio de contas bancárias e quebra de sigilos bancário e fiscal.
As ações policiais foram executadas em diferentes cidades dos dois estados: Canoas, Alvorada, Portão, Arroio dos Ratos, Charqueadas, Tramandaí, Imbé e Capão da Canoa, no RS; e Palmitos e São José, em SC.
O foco da investigação são membros de uma facção criminosa com origem no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, que expandiram suas atividades para Canoas e o litoral norte gaúcho.
A investigação foi iniciada após a prisão de dois suspeitos em março de 2024, no município de Osório, por porte ilegal de arma de fogo de calibre restrito.
A partir dessa prisão, a Draco de Canoas iniciou um trabalho intenso de inteligência que contou com apoio crucial do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE) da Polícia Civil e da seção de inteligência do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) da Brigada Militar.
Polícia Civil deflagra a Operação Litus contra o crime organizado no RS e SC
No decorrer da apuração, confirmou-se que os suspeitos presos fazem parte de uma célula criminosa altamente estruturada e violenta.
Esta organização já é conhecida pelas autoridades por seu envolvimento em crimes como homicídios, tráfico de entorpecentes e extorsões.
Um dos investigados teria adquirido terreno em um condomínio de alto padrão em Tramandaí, onde moram autoridades gaúchas. O objetivo era construir no local, intenção que não chegou a colocar em prática.
Além disso, a facção realizava a compra de imóveis no litoral do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina, em nome de terceiros, e disponibilizava-os em uma plataforma de locação temporária.
Grupo trabalhava com armamento de guerra
Durante as investigações, a polícia descobriu que os criminosos não apenas negociavam pistolas e fuzis, mas também armamento de guerra.
Em vídeos extraídos de celulares apreendidos, os suspeitos aparecem oferecendo um lança-foguetes antitanque M72 Law — o mesmo modelo utilizado por tropas dos Estados Unidos e pela Ucrânia nos combates contra a Rússia.
As imagens revelam que a negociação de armamento pesado era comum no grupo investigado, que tratava com naturalidade a circulação de equipamentos de uso exclusivo das Forças Armadas.
O M72 Law, projetado para destruir veículos blindados, é um armamento portátil e extremamente letal, cuja presença nas mãos de criminosos representa uma grave ameaça à segurança pública.
Apesar da comprovação em vídeo, até o momento a polícia ainda não conseguiu localizar o lança-foguetes.
As buscas continuam, e os investigadores trabalham para identificar todos os envolvidos na tentativa de comercialização da arma.
A atuação firme no combate a esses delitos reforça o comprometimento das forças de segurança no enfrentamento ao crime organizado no estado.
A expectativa é de que novas fases da operação possam ser desencadeadas a partir da análise do material apreendido, ampliando o cerco contra grupos criminosos com atuação interestadual.
Segundo o Delegado Gustavo Bermudes, o modo de operação do grupo consistia principalmente no tráfico de entorpecentes, comércio ilícito de armas de fogo e práticas extorsivas, como empréstimos com cobrança exorbitante de juros, mediante intimidação violenta.
O lucro obtido era direcionado à aquisição de imóveis no litoral gaúcho, utilizados tanto como moradia quanto para ampliar o capital criminoso por meio de locações em plataformas digitais.
“Apurou-se, ainda, que o principal investigado adquiriu um terreno em condomínio de alto padrão em Tramandaí, onde pretendia estabelecer residência e conviver próximo a autoridades públicas e políticas de destaque no cenário do Estado”, explicou o Delegado Bermudes.
“O objetivo central da operação é retirar de circulação criminosos de alta periculosidade, apreender bens e valores ilícitos por eles acumulados e garantir a indisponibilização judicial de patrimônio identificado, incluindo carros de luxo, terrenos e residências em condomínios de padrão elevado no litoral gaúcho”, complementou Bermudes.
Já o Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Canoas, Delegado Cristiano Reschke, destacou que a operação representou um golpe significativo contra o crime organizado, resultando no encarceramento de 11 indivíduos, retirada de armas de fogo das mãos do crime organizado e na indisponibilidade de diversos bens, incluindo imóveis de alto padrão na região costeira.
“O êxito da investigação está no fato de trazer resultados preventivos, frustrando a audácia dos criminosos de alta periculosidade, negociantes de armas com forte atuação no tráfico de drogas, extorsão e agiotagem que pretendiam com a lavagem de dinheiro adquirir estilo de vida em ambiente próximo de autoridades públicas e empresários que residem no litoral gaúcho”.