50 anos de espera por uma ligação direta entre duas cidades do litoral sul do Brasil finalmente começam a ser superados.
O projeto que promete revolucionar a mobilidade no Litoral e também entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina parece sair do papel após meio século de expectativa.
A ponte, sonhada por gerações e essencial para integrar regiões separadas pela Lagoa dos Patos, terá seu projeto básico e executivo elaborado por uma empresa catarinense recém-criada.
A Nova Engenharia, fundada há apenas seis meses, propôs realizar o projeto técnico da obra.
A proposta da companhia, no valor de R$ 7,59 milhões, foi 26% mais barata do que a estimativa inicial do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que previa investir R$ 10,33 milhões na fase de planejamento.
Apesar da juventude da empresa, seu comando está nas mãos de um nome experiente: José Antunes Sobrinho, ex-diretor da Engevix, responsável por grandes empreendimentos como o Estaleiro Rio Grande.
Segundo o Dnit, os recursos já estão assegurados e o contrato com a Nova Engenharia prevê que todos os estudos técnicos e ambientais sejam concluídos em até dois anos.
Com base nesses levantamentos, será lançado o edital de licitação para contratação da empresa responsável pela execução da obra.
O projeto contempla duas alternativas de traçado.
A primeira prevê uma extensão total de 10,84 km, dos quais 4 km serão elevados, incluindo a construção de uma ponte de transposição no Canal do Norte, trecho da Lagoa dos Patos.
Já a segunda proposta apresenta um percurso mais curto, com 9,7 km, sendo 4,93 km elevados, e inclui a construção de uma ponte com vão móvel no mesmo canal.
A nova ponte deverá reduzir em até 100 km a distância entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, encurtando significativamente o trajeto para motoristas e transportadoras que atualmente precisam percorrer um longo desvio ou enfrentar a travessia fluvial.
Hoje, a ligação entre as margens da Lagoa dos Patos é feita com balsas para veículos e lanchas para passageiros.
O trecho de travessia fluvial possui cerca de 5 km de extensão, com um tempo médio de espera que ultrapassa uma hora — tanto para o embarque quanto para o desembarque de veículos.
O cenário é ainda mais desafiador para caminhões e carretas.
Em dias de maior fluxo, os veículos pesados podem esperar por mais de uma hora na fila para embarcar.
Em alguns casos, a travessia só ocorre no dia seguinte à chegada, o que representa um gargalo logístico para a economia da região.
Enquanto isso, o transporte de passageiros por lanchas atende cerca de 8 mil pessoas diariamente, somando ida e volta.
Apesar de mais rápido, esse serviço também enfrenta limitações, especialmente em dias de mau tempo ou manutenção das embarcações.
50 anos de espera
Com a construção da ponte, espera-se uma transformação na conectividade entre os estados do sul do país.
A obra deve melhorar o escoamento da produção agrícola e industrial, facilitar o turismo entre o litoral catarinense e gaúcho, além de reduzir custos logísticos e o tempo de deslocamento de milhares de pessoas todos os dias.
O fim dos 50 anos de espera marcará um novo capítulo para o Litoral Sul.