Estado treina policiais para investigar crimes praticados na internet
Escondidos atrás de um computador e de uma legislação que ainda não contempla este tipo de crime, pedófilos, hackers e pessoas mal intencionadas esperam um pequeno descuido dos internautas para praticar crimes de roubo de senhas e até aliciamento de menores.
Para tentar diminuir e investigar essas ocorrências no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil está treinando agentes e delegados, em parceria com a Polícia Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Até o final de 2009, serão treinados 580 policiais.
Promovido desde o ano passado, o curso terá 19 edições com pelo menos um policial capacitado em cada delegacia onde haja investigação de crimes na web. São apresentados estudos sobre os tipos de crimes praticados na internet e também exercícios de análise de sistemas e aplicativos eletrônicos disponibilizados em redes locais e internacionais. Tudo para que os procedimentos de investigação dos crimes praticados em meio eletrônico sejam corretos.
O objetivo, de acordo com o coordenador do Curso Sobre Crimes Praticados na Internet, o delegado Emerson Wendt, é capacitar os agentes no combate ao crime cibernético, oportunizando o preparo e a instalação de redes de segurança e investigação e perícia em computadores e meios eletrônicos.
“Damos uma idéia da forma de averiguar delitos praticados pela internet, que são bastante diferentes da normal”, diz o delegado, destacando que deve haver, por parte dos policiais civis, um conhecimento diferenciado para entender a cultura de navegação.
Sem dados estatísticos devido a uma brecha no Código Penal Brasileiro, os crimes praticados pela rede mundial podem começar a ser tipificados a partir da aprovação de projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional há seis anos.
Em 2009, foram registrados pelo menos cinco casos de pedofilia pela internet no Rio Grande do Sul. Com identidades falsas, os pedófilos freqüentam salas de bate-papo – conhecidas como chat – e programas de conversação simultânea, como o Messenger (MSN). “Os pais não podem deixar os computadores apenas nas mãos dos filhos e devem controlar o acesso através de programas que existem na internet”, alerta o delegado. Até mesmo quem receber por e-mail e armazenar fotos sexuais de crianças, pode estar cometendo delito e deve denunciar a ocorrência imediatamente para os órgãos policiais.
Entre os crimes mais praticados pela web no Estado, explica o delegado Wendt, estão os relacionados à rede de relacionamento Orkut, como roubo de dados, criação de perfis falsos e comunidades difamatórias ou com injuriosas relativas à incitação de crimes, racismo e homofobia. A recomendação da Polícia Civil é não deixar dados da vida pessoal no Orkut, tais como telefone e endereço, e não ingressar em comunidades que possam eventualmente identificar informações sobre a identidade do internauta. Também alerta para a quantidade de fotos no álbum, o que pode posteriormente ser utilizado em montagens.
Recomendações
Segundo o delegado Wendt, alguns cuidados são essenciais para navegar na internet de forma segura, como não clicar em links de origem suspeita em e-mails e sites e em links que remetam para outros sites.
De preferência, digitar a página da web no navegador e antes de comprar qualquer produto, deve ser verificado se o site é confiável.
O cadeado que aparece abaixo do navegador – Internet Explorer e Mozilla, por exemplo – é um certificado de segurança da página. Na dúvida, não inserir dados de conta bancária e senha e manter atualizado o sistema operacional não-pirata.
Ele também orienta que seja instalado no computador um firewall – regulador do tráfego de dados que impede o acesso nocivo ou não autorizados de um computador para outro.