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Até tu, Brutus?

O passado nunca morre. Nem sequer ele é passado

A proximidade da Sexta-Feira da Paixão leva-nos a reflexões diversas, sobretudo, sobre a emblemática figura de Judas Escariotes.

Judas não traiu “simplesmente” uma pátria (como o fez Luiz Stalinácio da Silva, acobertando a imundície do episódio do “mensalão”, sob o argumento de se tratar de uma “farsa” gerada pela oposição (que oposição, violão???) e alimentada pela mídia. Judas não traiu um partido ou uma ideologia (como José Dirceu, Marcos Valério, Delúbio Soares et caterva). O mais famoso traidor da história é até hoje lembrado como o sujeito que deu uma rasteira no filho único do Todo-Poderoso. E pior: segundo a Bíblia, Judas entregou Jesus Cristo aos soldados romanos em troca de míseras 30 moedas de prata.

Ficção e realidade confundem-se na teia sombria da traição. Desde Brutus (Roma, 44ª A.C.), que certamente não foi o primeiro traidor da história, mas foi o primeiro a se tornar famoso, até Iago, o vilão da tragédia do bardo inglês, William Shakespeare, Otelo, o mouro de Veneza.

Muitos foram esses indivíduos: o chinês Wang Jing Wei, o americano Aldrich Ames, o alemão Heinrich Himmler, o francês Talleyrand-Périgord, o italiano Tommaso Buscetta, o chileno Augusto Pinochet, o português Joaquim Silvério dos Reis e alguns, raros, como Domingos Fernandes Calabar, que alguns historiadores questionam a fama de traidor e alegam que ele lutou ao lado dos holandeses porque acreditava que, sem o domínio de Portugal, a pátria seria livre.

Cabe a grande pergunta: a História teria outro rumo, caso não houvesse o ato praticado por aqueles homens?
Os traidores, em qualquer tempo e espaço, continuarão a proliferar enquanto houver – a exemplo dos sacerdotes e de Judas – quem lhes pague um “cc” de trinta tostões. Aprendido o “caminho da roça”, tudo fica mais fácil!

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