Atividade física bem orientada pode aumentar autonomia de idosos, diz professor
“Independentemente da idade, qualquer pessoa pode fazer atividade física. Basta adequar o exercício à idade e às particularidades fisiológicas de cada um. Para isso, o ideal é procurar um profissional que saiba ajustar o exercício às dificuldades pessoais”, disse Tolentino.
Segundo o professor, pesquisa recente revelou que pessoas que começaram a praticar exercícios aos 90 anos de idade obtiveram benefícios semelhantes a outras mais jovens. Ele explicou que isso ocorre porque, grosso modo, a capacidade do organismo de um idoso sedentário se beneficiar da prática esportiva é comparativamente maior que a de um adolescente que já faz alguma atividade física ou tem uma vida social intensa.
“Quanto mais sedentário ou destreinado um indivíduo estiver, mas benefícios ele pode ter, já que qualquer coisa que ele fizer, desde que bem orientado, resultará em uma melhora da frequência cardíaca, vai trabalhar o músculo e por aí vai”, garantiu.
Além disso, o professor sustenta que no caso de idosos, os benefícios da atividade física vão além dos observados em pessoas mais jovens. Segundo Tolentino, além da sensação de bem-estar, o ganho de força muscular e flexibilidade podem contribuir para que os mais velhos vivam com maior segurança e autonomia.
“Hoje, por causa da ociosidade, muita gente chega à velhice com a capacidade funcional reduzida. Muitos acabam adquirindo doenças crônico-degenerativas que podiam ser evitadas, como diabetes ou hipertensão. Com as limitações, os idosos passam inclusive a ficar mais vulneráveis a quedas”, explica o professor. “Com a atividade física, a pessoa tem uma melhora das funções necessárias à vida diária, seja para subir escadas ou até mesmo para caminhar. O trabalho com o idoso também é muito eficiente para corrigir problemas posturais”.
Como para qualquer um que queira começar a se exercitar, Tolentino recomenda que primeiro é necessário procurar um médico e fazer um exame cardiológico. No caso dos atletas da terceira idade, o professor também aconselha a consulta a um ortopedista, já que doenças como osteoporose ou artrite podem exigir cuidados extras. Na hora de escolher a academia ou um professor particular, deve ser dada preferência a profissionais especializados no atendimento a grupos especiais.
Para quem não pode ou não quer gastar dinheiro, a dica é procurar um espaço público reservado à prática de atividades físicas. Onde eles não existirem, cabe lembrar que o Estatuto de Idoso, que hoje está completa seis anos, estabelece que é obrigação do Estado e da sociedade assegurar aos idosos a prática de esportes e diversão.
De acordo com Acácio Tolentino, nos últimos anos, não só a iniciativa privada, mas também os governos começaram a criar oportunidades para que os mais velhos possam se exercitar. Para ele, o que ainda não há em quantidade apropriada são profissionais habilitados a trabalhar com esse público.
“Embora já tenha melhorado muito em comparação a alguns anos, a situação ainda é precária [para quem não pode pagar profissionais qualificados] se pensarmos no número de idosos existentes. E também não adianta ter uma academia se não há ninguém para orientar. Acredito que falta os governos contratarem mais professores de educação física para trabalhar nos espaços públicos que estão sendo criados. Senão é como inaugurar um hospital sem ter médicos”, acrescentou.