Piñera assume governo do Chile
Ele substitui Michelle Bachelet, que deixa o Palácio de La Moneda com 84% de aprovação popular. O principal desafio de Piñera é reconstuir parte do país destruído por uma série de tremores de terra e tsunamis – o pior deles ocorreu no último dia 27.
Os desafios de Piñera, porém, vão além da reconstrução do país. Ele terá de utilizar sua experiência como empresário para administrar a maior reserva mundial de cobre – o Chile detém 40% da produção. Também deve intensificar os esforços para manter o país sem dívida externa e credor líquido, legado de sua antecessora.
Piñera venceu a eleição mais disputada nos últimos anos no Chile. O empresário obteve 51,8% dos votos contra 48,1% do candidato governista, o ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación). Com um discurso baseado nas expressões “mudança” e “renovação” e promessa de geração de emprego, Piñera conquistou votos dos indecisos e insatisfeitos.
A equipe do presidente eleito admite, no entanto, que terá de dar continuidade aos avanços sociais implementados por Bachelet, como as conquistas de direitos previdenciários e trabalhistas. Desde sua eleição em janeiro, Piñera tem trabalhado diretamente com Bachelet.
O único momento de divergência entre Piñera e Bachelet foi logo após o terremoto do último dia 27 – que atingiu 8,8 de magnitude na escala Richter. Na ocasião, o presidente eleito considerou que o governo de sua antecessora foi lento ao determinar ações mais duras para conter a onda de violência e saques em algumas cidades. Em seguida, recuou nas críticas.
Piñera terá de administrar o orçamento de cerca de US$ 46,5 bilhões. Como no Brasil, a aplicação desses recursos deve ocorrer em acordo com o Congresso Nacional. Para evitar desgastes, ele deve manter uma relação amistosa com os parlamentares. Para analistas, a tendência é de haver dificuldades, uma vez que o resultado das eleições foi bastante apertado.
O presidente eleito demonstrou habilidade política ao firmar um acordo com a oposição para buscar alternativas para a reconstrução e ajuda às vítimas dos tremores de terra e tsunamis. Os deputados e senadores da Concertación – que é oposicionista – disseram que a trégua vai durar um mês.