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Afinal, que País é este?

A espera por um leito de UTI no Hospital Centenário foi longa demais para Eloísa Batista Bueno, 58 anos. Ela morreu por volta das 10h desta sexta-feira em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Segundo a família, foram três dias na sala de observação do bloco cirúrgico à espera de uma vaga que poderia ter-lhe salvado a vida. O hospital contesta e diz ter cumprido acordo firmado com o Ministério Público.

Técnica em enfermagem, Eloísa morreu no mesmo hospital onde trabalhou por 30 anos. Na tarde do último domingo, ela procurou o local com dores. De acordo com a família, exames apontaram que ela tinha uma obstrução no intestino, e precisaria passar por uma cirurgia.

Depois de três dias lutando pela sobrevivência, os gêmeos que receberam atendimento em uma emergência improvisada no Sul não conseguiram resistir. Alerrandro e Aleksander. O pai, Rafael Moreira, levava o corpo de um deles para ser velado em Piratini quando recebeu a notícia de que o outro também estava morto. Eles foram sepultados ontem, no interior do município.

O drama começou quanto Andrizi Quevedo deu entrada no Hospital de Caridade de Canguçu e teve início a peregrinação por instituições de saúde equipadas com UTI neonatal. Os médicos seguraram a gestação até a 26ª semana, porém na segunda-feira ou os bebês nasciam ou os três corriam o risco de perder a vida. Alerrandro e Aleksander nasceram às 22h30min de segunda-feira, mas a Central de Regulação de Leitos do Estado informou que os bebês poderiam ser encaminhados para a Santa Casa de Caridade de Bagé, onde havia leitos disponíveis, mas no dia seguinte. Os prematuros enfrentaram uma viagem de 200 quilômetros e chegaram já com um dia de vida e menos chances de sobreviver.

Afinal, que País é este?

Brasil, sil, sil, sil… O País da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016.

É preciso dizer mais?

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