O ser intruso
Delinquente juvenil por menor infrator? Ora, este será sempre delinquente! Graduando em bandidagem! Se prosperar, traficante, com o andar da carruagem e em futuro nem tão distante, será, em louvação, o CEO (Chief Executive Officer), Diretor Executivo para Operações do Narcocomércio.
São extremamente pertinentes, entretanto, as expressões afrodescendentes (para negros), pessoas com deficiências (aleijados, cegos, paraplégicos), homoafetividade, homoafetivo (para homossexualismo ou homossexualidade, homossexual). Por humanas, elas vêm somente a contribuir para a elevação da autoestima dos designados.
Situações há, no entanto, que o emprego de eufemismos adquire o perfil não o de simplesmente “dourar a pílula”, mas o de demonstrar delicadeza, sutileza, diplomacia para o que é de vital importância ser manifestado: “Você é desprovido de beleza.” (Para não chamar a pessoa de feia); “Você faltou com a verdade.” (Para não chamar o indivíduo de mentiroso); “Você é minha ajudante.” (Em vez de falar empregada doméstica).
Reconhecer a tênue e sutil linha entre o subliminar recado abrigado sob o manto do eufemismo ao direto que somente magoa, não é virtude disposta em balcões de supermercado. É necessário sensibilidade, generosidade, desprendimento. Não são raras as situações em que se pode estar investido na categoria do ser (humano) intruso. Leva-se algum tempo para ser percebido. Então, se isso lhe acontecer, valha-se também do eufemismo e responda:
“Declino o seu convite para o banquete em razão de enfermidade.” (Para não criar constrangimentos para importante comensal que certamente há de estar). Ou já nem isso mais ele será?
Mesmo assim, perceber isso é extremamente meritório, generoso!