Governo chinês tenta controlar internet
A população, no entanto, ignora a proibição do governo e utiliza as chamadas “páginas espelho”, ou seja, provedores de fachada que acessam esses conteúdos bloqueados. “Eu não deixo de acessar. Páginas espelho existem para isso”, contou um internauta chinês que morou em São Paulo e prefere não se identificar.
Não é comum encontrar em Xangai jovens que saibam sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial, por exemplo. Na China é impossível encontrar em chinês qualquer arquivo da rede que fale sobre o assunto. Até a enciclopédia virtual Wikipédia apresenta erro na página quando se digita o vocábulo chinês tiananmen, que significa paz celestial.
O massacre ocorreu em junho de 1989 e a Cruz Vermelha estima a morte de 2,6 mil pessoas, das cerca de 100 mil que participavam das caminhadas pacíficas pelas ruas de Pequim, capital da China. Estudantes e intelectuais protestavam contra o governo comunista, considerado por eles repressivo e corrupto. Trabalhadores da Pequim acreditavam que as reformas econômicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando a vida. O Exército Popular de Libertação pôs fim à mobilização.
A preocupação do governo com questão é tão grande que a China revisou, na semana passada, a lei que define o que é segredo de Estado. O governo incluiu nessa lei poderes sobre as telecomunicações e comunicações online. A lei também define o que é segredo comercial para as empresas estatais e exige que provedores de internet e de telecomunicações colaborem nas investigações de “segredos” revelados em suas redes.
Mesmo diante de tanta tentativa de controle, a quantidade de sites domésticos chineses cresceu. De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país, no final de 2009 havia 3,23 milhões, 12,3% a mais do que no ano anterior.