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CREDO QUIA ABSURDUM (creio mesmo que seja absurdo)

O ciclo de vida duma bactéria se mede em minutos, do homem em anos, de árvores em séculos de astros em bilhões de anos. Tudo é relativo, depende do parâmetro que usamos, contudo, não podemos usar o mesmo para uniformizar critérios. Assim como não é consentâneo comparar o tempo relativo a categorias diversas, também não o é para necessidades monetárias. O Banco Mundial publicou uma escala que diferencia classes sociais tomando como parâmetro uma sociedade com exigências mínimas de sobrevivência, seria o mesmo que equacionar gerações de bactérias com o tempo de vida de vegetais centenários. Não podemos  nos conformar com a uniformização.
No Correio do Povo (11/05/2014) André Felipe Zago de Azevedo, economista, afirma num artigo:

Conhecida como uma das regiões de maior desigualdade de renda do planeta até pouco tempo atrás, a América Latina vem obtendo uma combinação virtuosa de bons indicadores econômicos e sociais desde o início do século XXI, de acordo com um relatório divulgado há poucas semanas pelo Banco Mundial (SIC).

A queda da pobreza da região foi acompanhada por uma forte elevação da renda dos 40% mais pobres. O ex-ministro Delfim Netto dizia, nos anos 1970 em pleno milagre econômico, que antes de distribuir era preciso fazer o bolo crescer. O estudo do Banco Mundial destacou que o crescimento da economia é um ingrediente essencial para melhorar a distribuição de renda e reduzir a pobreza (SIC). Desses dados pode-se inferir que Delfim Netto não estava totalmente destituído de razão e, simultaneamente, estabelecer que esta é uma meia verdade, no período de crescimento faz-se indispensável compartilhar, sem contudo entravar o desenvolvimento que proverá os recursos indispensáveis. Como em tudo na vida, “in médio virtus”.

Um detalhe que se destaca de maneira inadmissível é a classificação que o Banco Mundial faz das classes por rendimento, senão vejamos:

1. Extrema pobreza: menos de US$ 75,00 mensais (menos de R$ 185,00);

2. Pobreza moderada: US$ 120,00 – (menos de R$ 300,00);

3. Vulneráveis: US$ 120,00 a US$ 300,00 – (menos de R$ 300,00 a R$ 750,00);

4. Classe média: US$ 300,00 a U$ 1.500,00 – (menos de R$ 750,00 a R$ 4.700,00);

5. Ricos: acima de U$ 1.500,00 – (menos de R$ 4.700,00).

Merece o prêmio “CREDO QUIA ABSURDUM” (creio mesmo que seja absurdo), esta frase do apologista cristão Tertuliano pronunciada no século II se adapta como uma luva a quem  contestar que R$ 750,00 habilita a entrada na classe média e menos que 1 salário mínimo regional (no RS, de R$ 868,00 a R$ 1.100,00) e R$4.700,00 catapulta o cidadão ao pináculo dos ricos, dos abastados, dos magnatas. Tomando por base esses parâmetros, nem nas minhas mais delirantes lucubrações consigo classificar a categoria dos funcionários públicos, dos três poderes, que têm por teto o sêxtuplo desse índice e, acreditem, não são raros os que percebem acima deste limite legal e não há quem consiga reverter este plus.

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