Especial 12 anos sem Senna
Na data de hoje completa 12 anos da morte de um dos mais carismáticos personagens da história brasileira, Ayrton Senna, morto em um acidente trágico quando disputava mais um Grande prêmio de Fórmula-1.
Senna chegou perto da perfeição nas pistas
A batida da Williams no muro da curva Tamburello, no GP de San Marino, contrariava tudo o que se tinha visto e ouvido falar até então sobre Ayrton Senna na Fórmula 1. Piloto hábil e perfeccionista, capaz de se manter concentrado em cada detalhe durante toda a prova, o tricampeão brasileiro se chocava contra um muro a mais de 300 km/h, em um acidente fatal. A falha não havia sido do piloto, mas sim do carro que guiava pela terceira vez em uma corrida.
Senna não teve chance de tentar quebrar todos os recordes. A trajetória do último campeão brasileiro na F-1 foi interrompida bruscamente, após a conquista de três títulos mundiais, 41 vitórias e 65 pole positions, em dez anos na categoria.
O desempenho na categoria mais importante do automobilismo mundial confirmou o que muitos já imaginavam quando Senna, então com 20 anos, aventurou-se pela primeira vez a correr na Europa, na Fórmula Ford 1.600. A coroa de louros que recebeu após vencer sua primeira corrida, no autódromo de Brands Hatch (Inglaterra), a terceira da temporada, é guardada até hoje por Ralf Firman, dono da equipe Van Dimenn, pela qual o brasileiro corra.
Depois de duas temporadas e dois títulos, Senna se mudou para a Fórmula 3, na época o último degrau antes de chegar à F-1. O brasileiro também foi campeão e começou a receber convites para fazer testes pelas poderosas escuderias pelas quais sonhara guiar quando ainda era um menino a bordo de seu kart, mostrando arrojo nas pistas brasileiras.
Em 1984, a promessa chegou ao topo. Depois de guiar os carros da Williams e da McLaren, Senna acertou um contrato com a modesta Toleman. Marcou 13 pontos e terminou o ano na nona colocação no Mundial de Pilotos.
No ano seguinte, Senna se mudou para a Lotus e começou a traçar seu caminho de vitórias. No segundo GP da temporada, em Portugal, sob uma chuva que levou 13 dos 26 pilotos que largaram a rodar e sair da pista, conquistou a primeira vitória. Ainda subiria novamente no lugar mais alto do pódio, no GP da Bélgica, mas a quarta colocação no Mundial era o que o esperava no final da temporada.
O primeiro título na F-1 foi conquistado em 1988, quatro anos após seu início na categoria. Pilotando a McLaren, e tendo como concorrente o francês Alain Prost, Senna comemorou o título com uma vitória espetacular no Japão.
Depois de quase deixar o carro morrer na largada, o brasileiro ultrapassou 15 carros para vencer a prova. O último a ficar para trás foi o próprio Prost, o vice-campeão daquele ano.
O bicampeonato em 1990 foi decidido na brita. Na pista do Japão, onde conquistou muitos fãs graças a seu estilo de pilotar, Senna não fez a primeira curva e se chocou contra Alain Prost. Na brita, o brasileiro comemorava mais um mundial.
O resultado melhor veio na temporada de 1991, quando o brasileiro conquistou seu terceiro título, com sete vitórias, 12 pódios e 96 pontos conquistados.
Em vez de comemorar o tetra, Senna começou a viver momentos difíceis em 1992. O último ano da parceria McLaren/Honda, que levara o brasileiro a seus três triunfos, chegara ao fim. E o maior expoente verde-amarelo na F-1 terminaria o campeonato na incômoda quarta posição. No outro ano, com um motor Ford em seu carro, o brasileiro foi o vice-campeão. Mas decidira que havia chegado a hora de buscar um lugar em outra equipe: a Williams.
“Ayrton Senna, Brasil, Williams-Renault, morreu na sétima volta. A corrida foi interrompida e teve nova largada para 51 voltas”. Essas são as palavras que registram a súmula da última corrida do mito Ayrton Senna.
Um gênio passional e reservado
Adorado pelos fãs das corridas, Ayrton Senna era também admirado por sua família. Sua dedicação nas pistas e algumas de suas histórias são relatadas por sua irmã, Viviane, e sua mãe, Neyde, como exemplos da importância que o piloto tinha para seus parentes.
Era em Angra dos Reis, no sul do Rio de Janeiro, que o piloto gastava as horas livres que tinha entre o fim de uma temporada e o começo da outra. Onde, segundo sua irmã, gostava “de recarregar as baterias”. Mas, quando estava em sua cidade natal, São Paulo, o tricampeão cuidava de seus negócios. O piloto zelava pela marca Senna, criada no começo dos anos 90.
Dentro do circo da F-1, o melhor amigo de Senna talvez tenha sido o austríaco Gerhard Berger, a quem teve como companheiro de equipe na McLaren durante três anos, de 90 a 92. Outro parceiro foi o fotógrafo japonês Norio, que doou mais de 40 mil imagens de sua autoria para a família de Senna após a morte do piloto.
O automobilismo era uma profissão para Senna, mas outros esportes estavam entre seus prediletos. Natação, tênis e ciclismo eram alguns exemplos. O futebol, uma das maiores paixões dos brasileiros, no entanto, era impraticável para o piloto, incapaz de manter a bola sob domínio dos pés.
Apesar de ser uma pessoa bastante discreta e que pouco gostava de falar sobre sua vida pessoal, duas namoradas de Senna ficaram bem conhecidas pelo público. Com a apresentadora Xuxa, o relacionamento durou um ano e seis meses.
A última namorada do piloto foi a modelo Adriane Galisteu, com quem a família Senna não tem um relacionamento amistoso até hoje. Ainda assim, Galisteu escreveu um livro – O Caminho das Borboletas -, no qual narra os momentos que viveu ao lado do tricampeão.
Outras três relacionamentos podem ser apontadas como determinantes na vida do piloto. Lilian de Vasconcelos, Adriane Yamin e Cristiane Ferracciu são descritas na biografia Ayrton, o herói revelado, lançada neste ano, como personagens marcantes na vida do passional tricampeão.