Argentina enfrenta primeira greve geral em 12 anos
A central sindical reivindica uma correção da tabela de isenção do Imposto de Renda, mas ontem (26) a presidenta avisou que não cederá a “extorsões, ameaças e insultos” e que não elevará a isenção este ano. “Mais que um protesto por razões econômicas, a paralisação é uma queda de braço entre Cristina e Moyano” disse, em entrevista à Agência Brasil, o analista Rosendo Fraga. Moyano disputa novo mandato como líder da CGT, no dia 12 de julho, mas já não conta com o apoio do governo.
Desde cedo, manifestantes se reuniam na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, onde foi montado um palco para o discurso que Moyano faz nesta tarde. Nem todos os sindicatos aderiram à convocação: lojas e bancos abriram normalmente e o transporte público também funciona. Moyano tem apoio do Sindicato dos Caminhoneiros, que representa todos os serviços de transporte, salvo o de passageiros.
Os voos da tarde desta quarta-feira foram cancelados e o lixo não foi recolhido em grande parte das cidades.
Moyano se fortaleceu nos nove anos de governo dos Kirchner. Ele foi um dos principais aliados do marido de Cristina, Nestor Kirchner, que governou o país de 2003 a 2007 e morreu há quase dois anos. O líder da CGT ficou ao lado Cristina no primeiro mandato, mas, desde que ela foi reeleita com 54% dos votos, em outubro passado, as relações da presidenta com Moyano esfriaram.
A presidenta, que organizou uma agenda fora de Buenos Aires, disse que a manifestação não contará com a Gendarmería (Polícia Militar). No discurso de ontem, Cristina Kirchner disse que “81% dos trabalhadores” estão isentos do Imposto de Renda e que os salários dos argentinos são “os melhores da América Latina, em termos de poder aquisitivo”. Moyano retrucou que a presidenta, provavelmente, não conhece a realidade dos preços dos supermercados.