Presidente da Venezuela inicia novo mandato ainda fora do país
Na noite passada, Nicolás Maduro reuniu-se com os chanceleres e agradeceu o apoio da presidenta Dilma Rousseff, com quem acabara de falar por telefone, para informar sobre a decisão do Tribunal Supremo de Justiça, a Suprema Corte venezuelana. Os juízes do tribunal aceitaram o pedido do governo de adiamento da posse de Chávez, até que ele possa voltar à Venezuela para assumir o cargo de presidente.
Desde cedo, seguidores de Chávez, vestindo a cor vermelha do partido, preparavam-se para a mobilização convocada pelo governo em apoio ao presidente ausente. O presidente não é visto, nem ouvido há um mês – desde que viajou a Cuba para submeter-se a uma cirurgia para retirada de um câncer na região pélvica. Foi a quarta cirurgia feita pelo presidente em 18 meses.
A decisão da Corte Suprema foi questionada pela oposição, que acusa a Justiça venezuelana de ter colaborado com um “golpe institucional” . “Foi uma decisão para resolver uma questão interna do partido do governo”, disse Enrique Capriles, candidato da oposição derrotado por Chávez na eleição de outubro. Capriles ressaltou que, em outubro, o povo elegeu o presidente (Chávez), e não o vice-presidente – na Venezuela, o vice é indicado pelo presidente, quando assume o cargo, o que Chávez ainda não fez.
Maduro não tem mandato para governar no lugar de Chávez, ainda mais por tempo indeterminado, afirmou Capriles. O líder oposicionista ressaltou, porém, que, apesar de discordar da decisão da Suprema Corte, vai acatá-la e cobrar dos dirigentes chavistas que solucionem os problemas do país, como inflação, desemprego e insegurança.
O governo, no entanto, considera que a Constituição foi bem interpretada pelos juízes. Chávez era presidente há 14 anos, quando foi reeleito. O novo mandato, dizem os chavistas, é apenas a continuação do anterior. Para eles, a cerimônia de posse é uma formalidade. O que ninguém sabe, até agora, é quanto tempo durará o governo interino.
A última informação oficial sobre a saúde do presidente, divulgada nesta semana, dizia que ele está “assimilando bem” o tratamento de uma insuficiência respiratória, provocada por uma infecção pulmonar. O boletim médico informava, ainda, que a situação dele, embora delicada, estava “estacionária”.