Centro de Vigilância em Saúde investiga ciclo de transmissão da febre maculosa no RS
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS), por meio da Vigilância Ambiental, realiza uma série de ações em campo para investigar casos humanos de febre maculosa brasileira no Rio Grande do Sul, doença infecciosa, febril aguda, que é transmitida por carrapatos infectados por bactéria do gênero Rickettsia. Na última semana de março, as ações ocorreram em Rosário do Sul, município da 10ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), e em Toropi (4ª CRS), para investigar a ocorrência de dois casos da doença, um em cada município, em 2011 e 2014, respectivamente. Também participaram da atividade pesquisadores do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, ligado à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), e técnicos de vigilância das coordenadorias de saúde.
A atividade, que também acontece no município de Lindolfo Collor, neste mês, tem por objetivo compreender o ciclo da doença no Estado, identificando o tipo de carrapato transmissor e o animal silvestre que está servindo como reservatório para a bactéria. O município registrou a ocorrência de três casos humanos de febre maculosa, em 2013.
“Apesar de não existir no RS o carrapato estrela, o mais conhecido transmissor da febre maculosa no Brasil, temos diversos registros da doença no Estado. Em função disso, estamos aprofundando a investigação dos casos ocorridos nos últimos anos para entender o ciclo de transmissão da doença”, ressalta Bárbara Stenzel, veterinária da vigilância ambiental em Saúde do CEVS/RS. Segundo ela, estas informações são fundamentais para capacitar as equipes de saúde para o diagnóstico e tratamento da doença e para orientar a população sobre as medidas preventivas.
Para isso, em Rosário do Sul e Toropi, a equipe coletou carrapatos e sangue de animais nos locais de residência de pessoas que contraíram a doença. As amostras foram encaminhadas para exames laboratoriais. Já no município de Lindolfo Collor desenvolve-se um trabalho mais amplo, que incluirá sorologia em cães domiciliados no local de ocorrência de casos da doença, a captura de animais silvestres para identificar presença de carrapatos e a circulação da bactéria na região. Em parceira com a Secretaria de Saúde do município haverá a capacitação de agentes de saúde visando à orientação e prevenção junto à população.
“Nos levantamentos realizados no estado, observamos que as pessoas que contraíram a doença têm o hábito de entrar em áreas de mata para caçar animais silvestres, como capivaras, quati, tatu e javali”. De acordo com a técnica, o carrapato abandona o corpo do animal morto, migrando para as pessoas. Portanto, todas as pessoas que costumam entrar em matas, banhar-se em rios ou fazer trilhas devem vistoriar seu corpo a cada três horas para verificar a presença de carrapatos. O contato dos animais domésticos com carrapatos também podem ser fator de risco.
Saiba Mais
A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa, febril aguda, de gravidade variável, cuja apresentação clínica pode variar desde as formas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. É causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida por carrapatos. Caracteriza-se por ter início abrupto, com febre elevada, dor de cabeça e dor muscular intensa e/ou desânimo, seguida de manchas avermelhadas pelo corpo, predominantemente nas regiões de mãos e pés, que podem crescer tornando-se salientes e evoluir para hemorragias. O tratamento precoce é essencial para evitar formas mais graves da doença.
Quanto mais rápido uma pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o risco de contrair a doença. Nos casos de contato com áreas com presença de carrapatos, recomenda-se o uso de mangas longas, botas e de calça comprida com a parte inferior dentro das meias, todos de cor clara para facilitar a visualização dos carrapatos. Após a utilização, colocar todas as roupas em água fervente para a retirada dos carrapatos que eventualmente estejam nas peças.
Ana Fumegalli