Crescimento e repartição do bolo – Por Jayme José de Oliveira
Delfim Netto foi criticado por promover forte concentração de renda durante o período em que esteve à frente da economia brasileira. Ele disse que ERA PRECISO ESPERAR O BOLO CRESCER PARA, DEPOIS, REPARTI-L0. Mas o bolo nunca cresceu e jamais foi distribuído. A política de Delfim era caracterizada pelo congelamento dos salários e a elevação das tarifas públicas.O Ministro da Fazenda que Costa e Silva nomeou em 1.967 passou à história como opressor da classe menos abonada do país.
Estamos em 2.015 e a deputada estadual pelo PDT Juliana Brizola publica no Correio do Povo (19/05/2.015):
“Não há justiça social, não há crescimento econômico duradouro sem soberania, este é sem dúvida um dos principais ensinamentos do trabalhismo. Passados 13 anos de governo do PT, tudo o que está aí nos leva a crer que eles não aprenderam a lição. NÃO ENTENDEM QUE UM PAÍS NÃO CONSEGUE DISTRIBUIR A RIQUEZA QUE NÃO PRODUZ”.
Ao inverso dos presidentes do período ditatorial que tentavam fazer crescer o bolo sem reparti-lo, o PT pretende dividir um bolo inexistente. O resultado de ambas as teorias sentimos tanto no passado como sofremos no presente.
A deputada Juliana afirma também que, ao escolher Joaquim Levy para ajustar a nossa economia combalida pelos desacertos, principalmente durante 2.014, ano eleitoral, joga-se para o povo o ônus da crise financeira. Invertendo a lógica da esquerda e com propostas neoliberais, restringe direitos do trabalhador, corta subvenções sociais, reduz investimentos na educação e eleva a taxa de juros.
“Irá demorar para o povo voltar a acreditar na esquerda brasileira”.
Num país movido por paixões políticas exacerbadas que tangenciam o ódio era de se esperar que para combater uma teoria o pêndulo pendesse para o lado oposto. Agora, sobrevindo o fracasso, tenta-se canhestramente o retorno a umpassado combatido pelas alas mais “progressistas”. Obviamente nichos que representam votos não serão atingidos. Até quando?
Aquilo que em 2.015 é apresentado como a única solução viável era execrado em 2.014 pelo PT, sindicatos e partidos de esquerda. Hoje o governo tenta convencer seu partido e aliados da necessidade inadiável. Apenas uma parte do PT, com evidente constrangimento, votou a favor das medidas propostas. O estapafúrdio é que os partidos oposicionistas combatem hoje o que apregoavam ontem, inclusive era incluído enfaticamente na plataforma eleitoral.
Até quando esperaremos dirigentes capazes de ultrapassarem as idiossincrasias e atuarem coerentemente? Até quando esperaremos dirigentes que tenham os objetivos voltados para as próximas gerações e não para as próximas eleições? Se pedir que se abstenham de questiúnculas, preconceitos, ideologias extremadas e – porquê não desnudar o óbvio – o toma-lá-dá-cá que é tão oneroso para a maioria e tão lucrativo para os poucos “mais iguais”? Então é hora de enfiar a viola no saco e tentar sobreviver num mundo caótico e anômico.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com