Dia dos namorados – Por Dom Jaime Pedro Kohl
Mesmo em tempo de crise, o comércio consegue vender alguns presentinhos a mais para os agrados do Dia dos Namorados. Coisa boa e bonita esse processo de construção de uma amizade que nasce de um encontro de olhares, que no respeito recíproco as pessoas vão se conhecendo, descortinando seus sentimentos, sonhos e projetos e assim preparam um compromisso definitivo em vista de um novo lar.
Vem espontâneo, a partir de uma observação dos acontecimentos hodiernos, perguntar-nos: ainda é possível um namoro puro e casto, nos nossos dias?
Cabe a mim, enquanto bispo, conferir o sacramento da Crisma. São muitos os adolescentes e jovens que aproximamos, por essa ocasião. É bom encontrá-los. Onde estão se respira um clima de alegria. Sempre que os vejo me alegro e me pergunto: que será deles? Qual será o seu futuro? Que rumo vão dar a sua vida e sua capacidade de amar?
Todas as pessoas são chamadas a dar sua resposta a Deus com aquilo que são, e a dimensão afetivo-sexual é extremamente importante. Pode ser fonte de alegria e realização, mas também de muito sofrimento.
O namoro não é um problema, pelo contrário é um valor simpático, querido, bonito, quando corretamente vivido.
O amor é lindo quando assumido com naturalidade, respeito e responsabilidade. O que preocupa e entristece é quando se queimam etapas, ignorando a gradualidade das manifestações afetivas para chegar a plenitude do amor conjugal. Infelizmente, para muitos, namorar é usar do outro para obter o máximo de prazer sexual, alegando AMOR.
Dói pensar que muitos adolescentes e jovens bons, de nossas famílias e comunidades, nesse abrir-se para a vida, no desabrochar para o amor, caiam na armadilha escravizadora do hedonismo.
Queridos jovens, se me permitem um conselho, diria: não queimem etapas, não tenham pressa, não se prendam a uma única pessoa logo cedo. Façam muitas amizades. Não sejam possessivos, ciumentos e egoístas. Ampliem o leque de contatos amistosos. Estudem e preparem-se para o amanhã, zelando pela vossa liberdade e autonomia até perceberem que são capazes de amar com gratuidade.
Aquilo que parábola do grão de mostrada expressa com relação ao Reino de Deus, vale também para essa experiência afetiva. Todas as coisas têm começo, meio e fim. Também o amor.
Somente quando vocês são felizes pelo que são é que poderão fazer feliz alguém. Sim, ainda é possível um namoro puro e casto!
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório – domjaimep@terra.com.br