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Leite Compen$ado 9: motorista preso confessa adição de produtos em leite para a venda

39631_260_260__9leite2“Eu colocava esse negócio quando ficava um leite de quatro, cinco dias, não sei direito para que era usado”, disse à imprensa o motorista Tiago da Luz Pereira após a deflagração da Operação Leite Compen$ado 9, realizada nesta quinta-feira, 17, em Esmeralda, nos Campos de Cima da Serra. Tiago era empregado da empresa de Márcio Fachinello, bem como Claudiomir Rodrigues de Souza e João Paulo Alves da Silva. Os quatro foram presos preventivamente e poderão responder por crime organizado e prática comercial abusiva na cadeia produtiva do leite – crime de adulteração de produto alimentício. Conforme Tiago, “a quantidade era ele (Márcio Fachinello) quem mandava botar quando o leite era mais velho, com um pouco de água… ele falava em óleo”. Segundo o MP, “óleo” era o codinome dado por Fachinello para o bicarbonato de sódio adicionado ao leite.

Quatro caminhões da empresa Marcio Fachinello – ME foram apreendidos, além de sacas de bicarbonato de sódio – utilizado para adequar o leite impróprio ao consumo – e documentação que comprova a venda de leite com acidez elevada em virtude da deterioração do produto coletado junto aos produtores. Dois homens – um deles pai de Márcio Fachinello – foram presos em flagrante por posse ilegal de arma. Na fazenda da família, no interior da cidade, foram encontradas sacas de bicarbonato ao lado dos refrigeradores de leite. A empresa recolhia entre 40 e 50 mil litros de leite cru diariamente junto aos produtores de vários municípios da região.

A rastreabilidade do produto, ou seja, o local para onde foi vendido e com que marca chegou à mesa dos consumidores, será realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), parceiro na Operação Leite Compen$ado. Os quatro mandados de prisão e os cinco de busca e apreensão foram cumpridos com o apoio da Brigada Militar.

Em entrevista coletiva à imprensa, um dos Coordenadores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Núcleo Segurança Alimentar –, Promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, falou sobre os resultados da nona etapa de investigações. “Uma análise superficial de documentos apreendidos constatou que a laticínios Unibom, destinatária do leite, rejeitou algumas cargas, que, segundo o próprio Márcio Fachinello, foram encaminhadas para uma queijaria”, pontuou.

O outro Coordenador do Gaeco Segurança Alimentar, Mauro Rochenback, comentou o resultado do trabalho. “Desta vez, encontramos o fluxo da fraude na casa do dono da transportadora: do lado de fora de um paiol, um tonel com água para a diluição do produto químico; do lado de dentro, o bicarbonato de sódio usado para mascarar a acidez do leite, e em frente à residência, dois dos quatro caminhões onde a mistura era depositada”, disse.

Também participaram da organização e do cumprimento dos mandados da ação os Promotores de Justiça de Vacaria Luís Augusto Gonçalves Costa e Bianca Acioli de Araújo.

MP RS

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