Radicalização da bagunça – Por Jayme José de Oliveira
Agora que decorreu o tempo suficiente para baixar a temperatura do debate e voltamos à relativa normalidade pode-se examinar sem o aguilhão da emoção, sem esquecer o passado recente ou remoto e agir para prevenir ocorrências futuras que jamais contribuirão para a normalidade e o bem-estar da população.
Em pouco tempo uma greve de caminhoneiros, que sequer unidos estão, estabeleceu um clima de apreensão nos brasileiros que dependem do transporte e deflagrou um confronto com o governo central. Razões lhes sobram para descontentamento, porém a população não pode sofrer o ônus do descalabro.
Na primeira vez, em março/2.015, o ministro José Eduardo Cardozo apressou-se a agir e conseguiu contornar. As multas aplicadas nos recalcitrantes jamais foram pagas e as penalidades ficaram nas ameaças. Agora se repete o esquema, com multas aumentadas por decreto-lei. Obviamente jamais serão quitadas porém surtiram o efeito desejado.
Lembro que defendi em coluna pretérita: “O que é bom para o João, é bom para o Joaquim”. Mais uma vez não vejo equivalência com a atitude exercida em outros episódios de bloqueios, invasões, vandalismos. Se os caminhoneiros são confrontados, com justa razão, por que “movimentos sociais” como os black-blocs, protestos em vias públicas – as vezes meia dúzia de gatos pingados – impedindo o ir e vir da maioria até agora silenciosa e, principalmente o MST e indígenas são tratados com leniência, por mais que exorbitem, inclusive invadindo e impunemente depredando?
Em 11/11/2.015 Elio Gaspari escreveu no Correio do Povo:
“A BAGUNÇA É UM PERIGO PARA TODOS. Uma greve de caminhoneiros pedindo a saída da presidente da República não é uma greve, nem é de caminhoneiros, mas apenas de alguns donos ou motoristas que resolveram obstruir estradas”.
Mais adiante:
“Administradores ineptos, bem como provocadores, são riscos da vida. Pela lógica, uns deviam ser demitidos e os outros responsabilizados criminalmente”.
Continua:
“O senador Renan Calheiros anunciou que na próxima terça-feira votará pelo menos oito vetos da doutora Dilma. Três desses poderão custar R$ 68,3 bilhões ao Erário até 2.019. Derrubar qualquer desses vetos nada tem a ver com a construção de uma sociedade melhor. Relacionam-se apenas com a radicalização da bagunça”.
Quem ainda consegue manter um pouco do equilíbrio na análise do país nesses últimos anos está, seguramente, em vias de desesperançar de vez.
Pensar que dominamos uma inflação que atingiu o pico de 2.708,39% (IGP-FGV) em 1.993 para os atuais níveis inferiores a dois dígitos e, apesar disso, planos mirabolantes, corrupção desenfreada e politicagem (que não é barata como se costuma dizer, pelo contrário, é muito cara) nos reconduzem ao despenhadeiro. Politicagem oriunda de todos os lados indistintamente, uns se aferrando ao poder usando todos os recursos, lícitos ou não, outros tentando abocanhá-lo usando todos os recursos, lícitos ou não.
É preciso muita fé – fé que nos permita crer em mudanças de atitudes – muita determinação, trabalho e, principalmente, honestidade. Produto tão escasso na atualidade.
Ah! Ia me esquecendo, salvadores da pátria, só na novela.
ÚLTIMA HORA: A Polícia Federal (15/11/2.015) passou um pente fino nas barracas dos acampados ao redor do palácio e que reivindicam “Fora Dilma”. Foram encontradas e confiscadas barras de ferro e outras peças passíveis de serem usadas em eventuais confrontos.
Aplausos à medida que doravante certamente será estendida às foices e outras armas brancas que elementos ligados ao MST portam em suas manifestações, ocupações e ameaças de enfrentamentos. Caso tal procedimento equitativo não ocorrer, retiro minha solidariedade e lamentarei profundamente a constatação de dois pesos e duas medidas.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado