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Confrontos – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de OliveiraEstamos vivendo um período conflituoso como há muito tempo não ocorria. “Coxinhas” e “petralhas” não se miscigenam nem transigem sob nenhuma hipótese. Cada qual se considera detentor da verdade absoluta. Lembro Frei Betto, insuspeito para afirmar:

“Existem três verdades: a sua, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos procurar a verdade verdadeira”.

Indubitavelmente, onde houver divisões, existirão conflitos. Onde quer que haja ações isoladas, aspirações solitárias essa solidão é um ato de separação. Portanto, quem persegue sua ambição particular cria, inevitavelmente, conflitos. Surge a pergunta: um conflito, seja qual for, pode terminar?

Poderíamos dizer: “bem, toda a natureza está em conflito permanente. Uma árvore numa floresta está lutando para alcançar a luz, está se debatendo, comprimindo as outras. Os seres humanos, nascidos da natureza, estão fazendo a mesma coisa”. Se aceitamos isso, então aceitaremos todas as consequências do conflito… guerras, brutalidade, prepotência, maldade. Então, se você for “coxinha” ou” petralha” vai estar, inevitavelmente, criando conflitos. E não fazemos nada em relação a isso. Terminar o conflito e viver em paz requer tremenda inteligência, compreender a natureza do conflito e reconhecer a importância das palavras do Frei Betto sobre as três verdades.

Em 1.960 a rede de televisão BBC realizou uma entrevista com Bertrand Russel.

… Uma última pergunta: suponha, Lord Russel que esse filme seja assistido por nossos descendentes como os pergaminhos do mar morto daqui a mil anos. O que acha interessante dizer àquela geração sobre a sua vida e lições que você aprendeu?

– “Eu gostaria de dizer duas coisas, uma intelectual e uma moral. O conselho intelectual que gostaria de dizer é esse:

Quando você está estudando um assunto, ou considerando uma filosofia, pergunte a si mesmo, somente. Quais são os fatos? Qual é a verdade que os fatos revelam? Nunca se deixe divergir pelo que você gostaria de acreditar ou pelo que você acha que traria benefícios às causas sociais se fosse acreditado. Olhe apenas e somente quais são os fatos.

O conselho moral que eu gostaria de dar é muito simples. Eu diria: o amor é sábio, o ódio é tolo. Neste mundo que está ficando mais interconectado, nós temos que prender a tolerar uns aos outros, nós temos que aprender e aceitar o fato que algumas pessoas dizem coisas que não gostamos. Nós só podemos viver dessa forma, para vivermos juntos e não morrermos juntos. Nós precisamos aprender a bondade, a caridade e a tolerância. O que é absolutamente vital para a continuação da vida humana neste planeta.

DUELO

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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