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A energia em “cheque” – Por Mauricio Gubert Ferri

Estamos num momento chave com relação ao futuro da CEEE-D, pois o governo tem acelerado as negociações e as fases de privatização do setor elétrico com sinalização de incluir a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica neste pacote desastroso. Tanto o governo estadual quanto o federal dizem que não têm interesse de recuar no processo de privatização, com indicações de inclusão da CEEE-D no processo.

A energia deve ser tratada como bem social e não como mercadoria. Para lembrarmos, a privatização do setor elétrico não deu certo em nenhum país onde tais medidas foram implementadas, principalmente onde as sociedades são marcadas por fortes disparidades entre ricos e pobres, como é o caso do Brasil e não diferente o Rio Grande do Sul.

A manutenção da administração da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica com controle estatal deve ser defendida e intensificada, por entender que isso é de fundamental importância para promover a distribuição de energia em solo Rio-grandense, especialmente nas comunidades mais carentes onde isso não tem nenhuma viabilidade econômica para uma distribuidora privada, mas é de fundamental importância para o desenvolvimento regional do povo gaúcho, evitando assim também o êxodo rural no interior que hoje carece tanto de melhorias e assistência.

As empresas já privatizadas no setor elétrico brasileiro não demonstram a flexibilidade, adaptabilidade e compromisso com as necessidades sociais e especificidades das populações locais pois seu foco é o lucro tão somente, devido a abrangência de suas políticas corporativistas multinacionais, quando as suas ações não estão em sintonia com as demandas econômicos e sociais de sua área sob concessão.

A tão propalada privatização do setor elétrico nos anos 90, que foi justificada como necessária à modernização e eficiência deste setor estratégico e que as promessas de que o setor privado traria a melhoria da qualidade dos serviços e a modicidade tarifaria não se confirmaram. As empresas privatizadas ou mantiveram a mesma qualidade de quando a empresa era pública ou foram renegociadas novamente.

Como alguns exemplos de estatais excelentes, tanto na parte técnica quanto na econômica podemos destacar a Copel do Paraná foi premiada como a melhor concessionária da América Latina em novembro do ano passado, a Celesc de Santa Catarina, a Cemig de Minas Gerais, todas atendem bem o consumidor e funcionam, tendo resultado financeiro bom, que gera dividendos para o Estado e seus acionistas.

Por mais que a CEEE-D não esteja bem no momento, encontra-se em plena ascensão em seus indicadores e com boas perspectivas de enquadramento como das melhores evoluções técnicas a nível nacional, isso se confirma e reforça que tudo é apenas uma questão de redirecionamento de gestão em investir de forma correta para buscar os melhores resultados. Não é uma questão de ser empresa pública ou não e sim do tipo de gestão que se insere na empresa em prol do desenvolvimento das localidades sob concessão. O que queremos dos gestores e representantes do estado é que não entrem nisso de “privatizar vai melhorar”, porque isso de fato não acontece.

Ao analisar o ranking de tarifas e concessionárias no Brasil, vemos que as empresas privadas têm um reajuste tarifário maior que as públicas, ou seja, a conta de energia é mais cara. Se a CEEE for privatizada, a tendência certa é que a sua energia seja bem mais cara, se compararmos o que tem acontecido com as demais empresas privadas em atuação no setor. Isso acontece porque quando tem um empresário que é dono, ele vai querer um maior retorno de capital e lucratividade e não tem apelo social algum. A CEEE-D com seus funcionários tem amor pelo seu povo e quer sempre o melhor para com este.

Mantemo-nos em defesa do patrimônio público eficiente e do desenvolvimento sustentável do setor elétrico regional com serviços de qualidade e com baixos custos dizendo não à privatização desta empresa que faz parte da história do povo gaúcho. Os indicadores já têm demonstrado, a CEEE-D pode e será muito melhor. Contamos com seu apoio.

Mauricio Gubert Ferri

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