A escolha de Sofia 3 – Jayme José de Oliveira
Uma banana de dinamite permanece um artefato inofensivo até que se acenda o estopim. A explosão, após acionado, arromba caixas eletrônicos e pode redundar em perda de vidas quando a detonação ocorre em locais públicos concorridos, Atentados terroristas pelo mundo afora nos causam horror, revolta. Lastimamos a impotência na prevenção, nenhum sistema de segurança consegue evitar que uma pessoa decida pelo pior.
Mutatis mutandis pode-se comparar com a situação explosiva que prolifera nos presídios Brasil afora. Superlotados, dominados por facções que obedecem cegamente seus líderes, encarcerados ou não. Há muito fugiram do controle das autoridades responsáveis. A solução alvitrada, abrir mão do controle interno – liberar as chaves aos apenados, literalmente – transformou-os em autênticas “bananas de dinamite” prontas a explodir, Quando separadas as gangues para evitar conflitos, criam-se feudos compactos onde líderes reinam absolutos e comandam ações mesmo fora dos muros. Roubos, assassinatos, sequestros, tudo o que se possa imaginar seguem as diretrizes daí emanadas. Os celulares funcionam sem freios. Quando se misturam sob o mesmo teto facções diversas, ocorrem chacinas como as de Manaus e Rondônia.
TUDO INICIOU COM O ABRIR MÃO DO CONTROLE NOS PRESÍDIOS.
Agora impacta no mundo inteiro e não se sabe como contornar e readquirir o comando. Será, certamente uma tarefa digna de Hércules, mais difícil que limpar as “cavalariças de Áugias”. Só desviando os rios moralidade e autoridade para remover as montanhas de entulhos nauseabundos. Infelizmente parece não haver um Hércules disponível.
Vejamos a outra face da moeda. As autoridades não conseguem controlar a selvageria intramuros. E FORA DELES?
Uma centena de mortes em presídios levantou no Brasil – e no mundo – um clamor insopitável. E milhares de vidas de cidadãos que são ceifadas anualmente pelos mesmos facínoras cuja morte se deplora? Pessoas honestas, trabalhadoras são assaltadas, mortas, estupradas e têm a vida, quando sobrevivem, abalada para sempre. NÃO VEJO PARA ESSAS O MESMO CLAMOR, JÁ SE TORNOU CORRIQUEIRO?
Quando bandidos morrem em confronto com policiais – lembremos os quatro às portas do Hospital Cristo Redentor (PA) – parte ponderável da imprensa adjetivou os policiais de assassinos. O que eram os que perderam o confronto?
Em não havendo possibilidade de conter todas as ocorrências, lamentáveis, a quem deveria ser dada prioridade? Aos criminosos, encarcerados ou não, ou à população?
Verdadeira escolha de Sofia.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado