A grande comédia nacional – Erner Machado
A GRANDE COMÉDIA NACIONAL
É de causar espanto para o cidadão comum, o nível de interferência do Supremo Tribunal Federal, na vida nacional
Para justificar esta constatação fomos levados, nesta semana, a assistir uma determinada excelência, ainda estreante, mas não menos possuidor de lustres acadêmicos discorrer durante longo parecer sobre a possibilidade de, em determinado estado da federação, as igrejas poderem acolher seus fiéis para a pratica de cultos religiosos.
Logo em seguida, assistimos a douta réplica de outra excelência mais antiga, em outro parecer de igual sabedoria contrariar a excelência anterior e definir que as igrejas não podem acolher fieis para seus cultos públicos.
Fico pensando, nas quantas horas de trabalho e nos quantos funcionários foram utilizados para produzir os dois pareceres altamente sábios e eloquentes, mas que, por serem contraditórios, levarão a decisão para o plenário da douta corte.
Diante da decisão futura, pelo plenário, os textos dos votos para serem redigidos e a consequente utilização de funcionários serão multiplicados por onze pois este é o número de excelências que irão se manifestar, no dia aprazado, sobre tão importante assunto da vida nacional.
E nesse dia a televisão vai mostrar suas excelências, com suas togas litúrgicas que o cargo exige, exibindo suas figuras imponentes, com seus olhares vagos, com voz entonada e marcadas por longos silêncios- o que lhes concede um ar de superioridade- darem conhecimento a plebe, de suas opiniões embasadas, professorais e definitivas sobre o assunto em pauta.
Imaginem o custo da encenação desta peça ridícula que mais uma vez se apresenta no cenário da vida nacional e a plateia que paga a entrada – via impostos compulsórios – assiste a tudo, cordata e pacificamente.
Ao fim da apresentação da comédia, com certeza, os atores cansados, voltarão para suas residências, pagas com ajuda de custo da União- em algum bairro de luxo de Brasília e se nutrirão de caviar, Champanha e Uísque estrangeiro, para recuperar suas energias, até porque que existem mais tarefas de alto valor nacional a serem examinadas por suas singulares figuras.
E, paralelo a tudo isto, a Nação chora lágrimas de sangue…