A luz do túnel – Jayme José de Oliveira
Estamos atravessando “Os Ásperos Tempos”, prenúncio da “Agonia da Noite”. Esperamos ao final vislumbrar “A Luz no Túnel”. Tomei emprestados os títulos da célebre trilogia escrita por Jorge Amado durante seu exílio em Paris, durante a ditadura Vargas. Para os que não acompanharam o que foram as atrocidades cometidas naquele período o Google disponibiliza em PDF as ferozes perseguições que sofreram os comunistas, com torturas aplicadas indiscriminadamente.Jorge Amado era deputado federal pelo PCB. Não apenas os adversários políticos eram impiedosa e violentamente caçados (literalmente) durante a IIª Guerra Mundial, o simples fato de alguém falar em alemão ou italiano era motivo para prisão sem julgamento. Livros escritos nesses idiomas eram confiscados e destruídos, receptores de rádio tinham as ondas curtas bloqueadas para que os“quinta-colunas” não pudessem ouvir propaganda.
(Quinta-coluna é uma expressão usada para se referir a grupos clandestinos que atuam, dentro de um país ou região prestes a entrar em guerra (ou já em guerra) com outro, ajudando o inimigo, espionando e fazendo propaganda subversiva, ou, no caso de uma guerra civil, atuando em prol da facção rival. Por extensão, o termo é usado para designar todo aquele que atua dentro de um grupo, praticando ação subversiva ou traiçoeira, em favor de um grupo rival).
Apenas 19 anos separam o fim da ditadura Vargas da ditadura militar, em 1.964. Embora menos sanguinária que a anterior, semeou a discórdia e teve também seus episódios de tortura, prisões e perseguição a adversários. Os que puderam se refugiaram no exterior. Só retornaram após o presidente João Batista Figueiredo promulgar a lei nº 6.683 em 28 de agosto de 1.979, após uma ampla mobilização popular.
Já na nossa época a leniência substituiu o autoritarismo da ditadura militar. Instituiu-se o “é proibido proibir”, um bordão repetido e cumprido à risca. Saímos do 8 para o 80. Resultado: o caos impera e por ora não se vislumbra “A Luz no Túnel”.Desacoroçoado com a situação vigente consultei meu arquivo e desencavei textos que permitem elevar o ânimo e reacender a esperança. Charles Chaplin, um sábio egípcio do século passado, Dalai Lama (entrevistado pelo Frei Betto) e um velho índio Cherokee sinalizam caminhos para que ela ressurja, com maior vigor. Utopia? Analisem e tirem suas conclusões.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado