A mulher no seu verdadeiro lugar

A mulher no seu verdadeiro lugar(um desagravo a “Sabor da Mulher”) “Deve andar perto uma mulher que é feitaDe música, luar e sentimento E que a vida não quer, de…

A mulher no seu verdadeiro lugar
(um desagravo a “Sabor da Mulher”)

“Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.”
“Soneto do Corifeu” – Vinicius de Morais.

Um amigo perguntou-me se recebera, por e-mail, “O Sabor das Mulheres”. Respondi-lhe que ficara “desconectado” do mundo virtual por mais de uma semana; o computador estava em revisão. Não me apercebi, no entanto, do seu sorriso traquina ao me fazer a pergunta. Imaginei, apenas, ser uma crônica, um poema em loas à beleza do corpo e da alma, às virtudes e ao desprendimento, ao amor incondicional que o Grande Arquiteto concedeu somente às nossas mulheres. Perguntei-lhe quem era o autor, ao que ele me respondeu, “desconheço o autor”.

Computador consertado; abri o e-mail. Fui tomado de asco e repugnância tamanha a vulgaridade, a torpeza, a baixaria encerrada no texto em que definia a mulher, conforme os diversos sabores, no ser mais abjeto da humanidade. De fato, desconhecia-se o autor do infeliz texto(?).

A Internet é, incontestavelmente, um meio de comunicação que sequer imaginávamos há pouco mais de dez anos. Os sites de pesquisas nos trazem, instantaneamente, informações completas sobre todo e qualquer assunto do qual precisamos conhecer. Teses acadêmicas, trabalhos escolares que, antes, demandavam deslocamento e dias de pesquisa numa biblioteca pública, estão ao alcance num simples teclar. Amigos distantes se comunicam e, diria mais, se reencontram, ante o milagre da tecnologia. Em contrapartida, o olho do “grande irmão” estuprou-nos a privacidade e os segredos que, por direito, eram apenas nossos, tornaram-se de domínio público. Os crimes de pedofilia proliferaram-se no cotidiano.

Por isso, mulher e generosa leitora, o mínimo que me cabe fazer é te trazer de volta ao pedestal onde efetivamente é o teu lugar, se não com palavras e encantos meus – que talento tanto não os tenho -, mas com todo o sentimento e louvores nos versos* do imortal Poetinha.

“Se por acaso o amor me agarrar
Quero uma loira pá namorar
Corpo bem feito, magro e perfeito
E o azul do céu no olhar
Quero também que saiba dançar
Que seja clara como o luar
Se isso se der
Posso dizer que amo uma mulher
Mas se uma loura eu não encontrar
Uma morena é o tom
Uma pequena, linda morena
Meu Deus, que bom
Uma morena era o ideal
Mas a loirinha não era mau
Cabelo louro vale um tesouro
É um tipo fenomenal
Cabelos negros têm seu lugar
Pele morena convida a amar
Que vou fazer?
Ah, eu não sei como é que vai ser…
Olho as mulheres, que desespero
Que desespero de amor
É a loirinha, é a moreninha
Meu Deus, que horror!
Se da morena vou me lembrar
Logo na loura fico a pensar
Louras, morenas
Eu quero apenas a todas glorificar
Sou bem constante no amor leal
Louras, morenas, sois o ideal
Haja o que houver
Eu amo em todas somente a mulher”.

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* “Loura e morena” – Vinicius de Morais

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