Colunistas

A mulher no seu verdadeiro lugar

“Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.”
“Soneto do Corifeu” – Vinicius de Morais.

 
 
Um amigo, indignado, me enviou por e-mail, uma seleção de frases de homens que falam da mulher. Frases, meu caro leitor, de celebridades! Sim, de gênios, alguns, o que nos dificulta o entendimento, respeitoso e sem qualquer preconceito àqueles a quem não fora uma mulher o alvo de suas paixões, a quem a orientação sexual dirigiu-lhes a libido para parceiros do mesmo sexo. Nada que justificasse, no entanto, o desprezo e o ódio que perpassava a alma de cada um deles.

Apenas um exemplo das conturbadas relações de algumas destas celebridades frasistas: Arthur Schopenhauer. Desde o berço, tinha um ódio figadal à sua mãe, Johanna Schopenhauer. Ela começou a obter progressivo sucesso como novelista e passou a frequentar os círculos mundanos que Schopenhauer detestava e se esforçava por ridicularizar ao máximo. As relações entre os dois deterioraram-se a ponto de Johanna declarar publicamente que a tese de seu filho não passava de um tratado de farmácia; em contrapartida, Schopenhauer afirmava ser incerto o futuro de sua mãe como romancista e que ela somente seria lembrada no futuro pelo fato de ser sua progenitora.

É dele, pois a sentença: “As mulheres são como os espelhos que refletem, mas não acredito”.

De Oscar Wilde não seria surpreendente ouvir semelhante arrogância: “As mulheres estragam as mais belas histórias de amor que se consideravam eternas”. Ou “A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte”.

Chegamos a duvidar que Sacha Guitry, ator e cineasta nascido na Rússia e que se radicou na França, pudesse ainda ser mais despeitado ao entender que “A mulher é encantadora, mas o cão é mais fiel”, ou “Se uma mulher fosse boa, Deus teria uma”.

Napoleão Bonaparte não deixou por menos: “As batalhas contra as mulheres são as únicas que se ganha fugindo”.

Depois desse imenso festival de machismo e cegueira imaginei em apenas escrever uma singela crônica, um poema em loas à beleza e às virtudes, ao amor incondicional que o Grande Arquiteto do Universo dotou somente estes divinos seres, as mulheres.

Por isso, mulher, e generosa leitora, o mínimo que me cabe fazer é te reconduzir ao pedestal onde efetivamente é o teu lugar, se não com palavras e encantos meus – que talento tanto não os tenho –, mas com todo o sentimento e louvores nos versos do imortal Poetinha.

Eu quero apenas a todas glorificar
Sou bem constante no amor leal
Louras, morenas, sois o ideal
Haja o que houver
Eu amo em todas somente a mulher”.

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