A sala de operações do futuro – Por Jayme José de Oliveira
Em coluna anterior expusemos as precárias e, atualmente, inadmissíveis condições de relacionamento entre médicos e pacientes nos hospitais. Hoje o que apesar de parecer utopia, sonho, já é realidade e prenuncia avanços ainda mais ousados, cirurgia sem bisturi, sangue e cicatrizes.
Dr. Kobi Jackob Vortman PhD – Presidente e Fundador da InSightec.
A forma como eu vejo o futuro é a construção duma sala de cirurgia da próxima geração, substituindo a tradicional por procedimento ambulatorial não-invasivo”.
InSightec foi fundada em janeiro de 1.999. A empresa desenvolveu uma tecnologia inovadora que, em essência, permite o tratamento de seres humanos sem cortar o corpo. Nós desenvolvemos sistemas tecnológicos que permitem a destruição de alvos profundos dentro do corpo de forma completamente não-invasiva. A parte diferencial da InSightec é que todos esses procedimentos são feitos sob monitoramento em tempo real e controle dos resultados durante o tratamento, assim, o usuário é capaz de mudar parâmetros durante o procedimento para alcançar o resultado desejado.
A parte principal do sistema é o transdutor que transmite ondas de ultrassom. Para tanto tem milhares de elementos controlados eletronicamente, juntamente com mecânica e software que as suportam. Cada um desses elementos transmite as ondas de ultrassom com foco preciso no ponto de tratamento.
A tecnologia nos permite tratar quase qualquer tumor no interior do corpo. Começamos com miomas uterinos, um problema enorme para cerca de 25% das mulheres que sofrem efeitos sintomáticos significativos. Hoje, o padrão operacional é a histerectomia (remoção do útero). A paciente passa por uma histerectomia, em seguida será hospitalizada por 3-5 dias e enviada para casa se recuperar. Vai levar semanas. Em nosso tratamento no dia seguinte a paciente está de volta à sua vida, trabalho e família. É uma mudança promissora para as mulheres.
O segundo passo se volta para oncologia, nós selecionamos o tumor ósseo metastático. É um tratamento paliativo. O próximo é, em muitos aspectos, o santo graal desta tecnologia, são tratamentos no cérebro. Estamos tratando doenças do sistema nervoso central como Parkinson com tremor essencial. Nós temos visto pacientes que durante anos sofriam esta doença e que deixam a mesa imediatamente após o tratamento sem tremores.
Vamos olhar o próximo passo: câncer de próstata, tumores hepáticos, câncer de mama e assim por diante. Eventualmente, nós vislumbramos uma nova sala de cirurgia com serviço centralizado no hospital.
Eu fiz a minha licenciatura em física e matemática em Jerusalém e depois me mudei para o Technion onde fiz meu primeiro curso de engenharia elétrica e, em seguida, continuei diretamente para um PhD em eletro-ótica, paralelamente comecei a trabalhar no Rafael. Durante meus dias no Rafael tivemos uma colaboração muito ajustada com laboratórios e pesquisadores do Technion e, como uma equipe combinada, nós trabalhamos em programas de ponta que agora estão exercendo um papel importante na defesa de Israel.
Quando começamos a InSightec toda a equipe de P & D veio do Technion. Eu acho que, pelo menos, 80% da nossa equipe de P & D é proveniente do Technion.
Este é o novo sistema de terapêutica cerebral em desenvolvimento aqui na InSightec. O principal desafio é ser capaz de penetrar o crânio e ainda obter o ponto focal das ondas no ponto fulcral. Isto nunca foi feito antes por qualquer empresa e adicionar a ideia de ter todo o MRI guiado se torna muito complicado e envolve disciplinas de excelência em ciência e tecnologia.
Em muitos aspectos o sistema é um “Star Trek” porque a noção de que você pode operar um parkinsoniano usando ressonância magnética e três horas depois esse cara andar de bicicleta de volta para casa, livre dos tremores, é algo que, pelo menos na minha geração era percebida como utopia.
Na realidade, o sistema existe hoje. Temos uma quantidade ilimitada de sonhos. Em quase tudo que você toca há uma chance de fazer algo diferente.
Pense em um acidente vascular cerebral. Pense sobre a possibilidade de que essa tecnologia será capaz de liquefazer um coágulo no cérebro nas primeiras três a quatro horas, obter o refluxo de volta e salvar este cérebro.
Outra ideia diferente é direcionada à destruição de células em tumores malignos para que pudéssemos gerar toxicidade significativamente maior no alvo, SEM AFETAR AS CÉLULAS CIRCUNVIZINHAS NÃO AFETADAS.
Os dois links do rodapé descrevem, o primeiro o surgir e desenvolvimento da técnica, INÉDITA, que permite desde já uma intervenção isenta de incisões, anestesia, dor e demais desconfortos pré, trans e pós-operatórios. O outro permite acompanhar o processo executado num paciente de Parkinson há 15 anos. Não conseguia sequer ingerir um copo d’água sem auxílio, devido aos tremores. IMEDIATAMENTE após o procedimento os sintomas desapareceram como que por encanto.
Não é um experimento promissor, é uma técnica em pleno uso e que se alastrará sem demora para hospitais em todo o mundo. Cirurgias de diversas complexidades podem utilizá-la, inclusive tumores malignos que, pelas técnicas atuais são extremamente invasivas e com sequelas significativas, inclusive deformantes e passíveis de alta percentagem de recidivas.
Desde a década de 1.980 litotripsia extra corpórea tem sido utilizada para implodir e triturar cálculos renais e da vesícula biliar, que depois são expelidos pelas vias adequadas.
https://www.youtube.com/watch?v=B1IELZ5HDxQ&feature=youtu.be
>> https://www.facebook.com/1568150673405082/videos/1717458298474318/
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado