Advogado do Diabo II
ADVOGADO DO DIABO II
Quando se escreve algo perturbador como escrever sobre nazismo, Segunda Guerra, políticas mundiais, etc., sempre temos em mente se realmente atingimos o objetivo quando expomos algumas idéias que são, na maioria das vezes, desconhecidas pelo grande público e igualmente rechaçadas por aqueles que pouco lêem.
No entanto quando encontramos idéias que vem de encontro com o que escrevemos, e mais, quando elas são dirigidas por pessoas da área e conhecedoras do assunto, isso muito nos alivia.
Nesses últimos dias me deparei com três fatos que completam ou solidificam o que escrevi em minha coluna de 12 de julho de 2008 – Advogado do Diabo, que resultou em inúmeros comentários e e-mails.
FINKELSTEIN
Com esse nome, para quem conhece um pouco de genealogia, já é possível prever que se trata de um sobrenome judeu.
Sim, um judeu, filho de sobreviventes do gueto de Varsóvia, com doutorado pela Universidade de Princeton e professor na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. Ou seja, um historiador judeu. Pois bem, leiam o que está em A Indústria do Holocausto, de Norman Finkelstein, publicado no Brasil em 2001: “As atrocidades cometidas pelos nazistas transformaram-se no mito americano que serve aos interesses da elite judaica.
O holocausto é uma indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das mais formidáveis potências militares do mundo, que oprime os não-judeus em seu território e em sua área de influência”.
Quem escreveu não é um pesquisador provinciano que mal tem graduação – e pelo que vejo vai demorar a conseguir uma, mas um pesquisador que está no meio de uma universidade conceituada mundialmente.
Mas há mais um trecho do livro que sintetiza a idéia, da qual sou defensor, que alguns grupos políticos se utilizam de fatos históricos não para que “eles jamais se repitam”, mas para servir a seus interesses político-econômicos. Escreve Finkelstein: “o extermínio de judeus na Segunda Guerra foi transformado em uma representação ideológica que defende interesses de classe e sustenta políticas”.
Preciso acrescentar algo mais? Acho que não, só relembrar minhas linhas de julho: “A mesma política que permitiu a ascensão de Hitler na Alemanha continua a financiar a ascensão de vários outros tiranos. Iraque e Afeganistão são exemplos modernos e recentes dessa política. Podemos perguntar por quê ONU e Estados Unidos não agiram com a força necessária em socorro das minorias étnicas que foram eliminadas na antiga Iugoslávia e teremos como resposta muito simples e clara que não havia interesse financeiro na região. Do contrário o Oriente Médio é o principal alvo da economia mundial. E o estado de Israel foi criado como “estado tampão”, ou melhor “estado cunha” para interesses americanos maiores na região. Tentem achar antes de 1946 uma política de união do povo judeu em torno de um estado judeu. Não havia, e muitos vão dizer que o holocausto foi o principal fator. Mentira! O holocausto foi o pretexto criado, ou melhor encontrado, para essa dominação política e depois econômica na região. Foi preciso criar, ou superdimensionar, o holocausto como maneira de impor a necessidade de dependência dos Estados Unidos”.
Acho que expliquei tudo com essas palavras. Escrevo novamente sobre o assunto pois muitas pessoas são incapazes de compreender que o passado histórico é apenas um fragmento do real e de entender que por trás desse fragmento há ideologias e propósitos outros. O que está acontecendo na Palestina hoje é muito mais complexo do que se possa pensar. O Oriente Médio é um barril de pólvora há tempos e o resultado final do que ocorre ali nos últimos dias terá influência direta na política mundial.
Infelizmente abaixo desses “grupos” há civis. Homens, mulheres e crianças inocentes, eternos sofredores, os maiores atingidos.
THE SOVIET STORY
Recebi essa semana um link do Youtube, que muitos diriam não serve para muita coisa, simplesmente fantástico. É também ligado à Segunda Guerra e igualmente ligado a minha coluna de julho.
É um documentário, que no Youtube está dividido em 13 partes. Assistam ao vídeo depois de terminarem de ler minhas linhas, afirmo categoricamente que irão compreender tudo que escrevo aqui e já escrevi sobre o assunto. Está aqui http://br.youtube.com/watch?v=e5VvUmPhypE&feature=PlayList&p=0A5E4AEB53D3EE68&index=0
Bom, o documentário The Soviet Story é dirigido por Edvins Snore, que passou 10 anos coletando informações e filmando em vários países. Entre os entrevistados do documentário, que é financiado pela União Européia, estão historiadores ocidentais e russos como Norman Davies e Boris Sokolov, o escritor russo Viktor Suvorov, o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, membros do Parlamento Europeu e também as vítimas de terror soviético.
Terror soviético ? Mas, o que é isso?
A URSS (para quem não sabe União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) não salvou o mundo do nazismo? Lênin não é um exemplo a ser seguido, o homem que aplicou o ideal de Marx e até pouco tempo foi exemplo seguido em muitos paises, e ainda vivo em alguns como Cuba e China?
Com o mesmo impacto que você está lendo estas linhas o mundo recebeu o documentário de Snore. Mas, para quem não está para assistir novela ou defender teses de doutorado sobre como o amor é lindo, sabe de antemão que das atrocidades cometidas por Stalin na Rússia (ou nos países que formavam a URSS e hoje são independentes como a Ucrânia, Geórgia, Letônia, etc). Falei dos doutorandos por que andei lendo algumas teses nos últimos dias que me deixaram assustado com a falta de capacidade de nossos futuros doutores. Simplesmente sem comentários…Voltames a The Soviet Story.
O fato é que o filme ganhou o Mass Impact Award do Festival de Filmes de Boston em 2008 e conta, com fotografias e filmagens, a “limpeza” promovida por Stalin e o comunismo, por exemplo, na Ucrânia, onde a população foi morta por inanição. E foram milhões! Isso entre 1932 e 1933.
Lembram da minha coluna de julho? Lá está uma pergunta por duas vezes repetida: “e o que a Liga das Nações fez?”. A resposta, também repetida por duas vezes, foi: “Nada!”. Não poderia, e tão pouco tinha interesse.
SEGUNDA GUERRA
Muitos me perguntam o porquê de sempre que tenho oportunidade de escrever, ou falar, o assunto Segunda Guerra vem à tona. A resposta é mais do que óbvia, para quem tenta refletir sobre os assuntos políticos, econômicos e sociais atuais: a Segunda Guerra Mundial criou o mundo em que vivemos!
ZEITGEIST ADDENDUM
Outro vídeo que pode ser visto, também em partes, no Youtube, é o já conhecido e polêmico Zeitgeist, “espírito do tempo” em alemão, vencedor em 2007 e 2008 do Artivist Film Festival, em Hollywood. Um dos assuntos agora é o Federal Reserve System, o The Fed, a reserva federal americana, algo como o nosso Banco Central. O Fed é o responsável pela regularização monetária americana.
Acontece que a política econômica do Fed é tão suja quanto a política externa norte-americana, estão na verdade interligadas. Uma história de manipulações na economia responsável pelas grandes crises financeiras mundiais, pela miséria em que se encontram alguns povos e paises, e pelos impérios construídos sob uma fachada respeitável.
Zeitgeist Addendum completa o pensamento do Moviment Zeitgeist que atacou no primeiro filme as instituições históricas e as manipulações realizadas durantes séculos para explorar a humanidade. Agora o movimento tenta mostrar o quanto esse sistema corrupto pode, e deve, ser combatido, com uma maior compreensão do que somos e como podemos nos relacionar, por exemplo com a natureza de quem somos parte.
O site oficial do Zeitgeist é http://www.zeitgeistmovie.com/ onde o vídeo pode ser baixado, mas em inglês. O vídeo, em partes e com legendas em português, se encontra no seguinte link do Youtube:
http://br.youtube.com/watch?v=RtIOl11GKdU&feature=PlayList&p=8804B994FE0525AD&index=0&playnext=1
Sobre o mesmo assunto, o Federal Reserve, um excelente livro é O poder do Ouro – A história de uma obsessão, do economista e historiador Peter Bernstein, publicado no Brasil em 2001.
Enfim, os assuntos são extensos e eu poderia escrever, se ainda não o farei, um livro.
Estejam à vontade para debater