Ainda somos racistas – Suely Braga
Num final de semana encontrei uma amiga numa festa junina. Ela morou cinco anos na Europa e trouxe consigo além da experiência pessoal, a experiência profissional. Ela me perguntou: “onde estão os negros nesta festa?” Olhei em torno e não havia afrodescendentes à vista, só os que estavam nos servindo nas barraquinhas de quitutes ou como seguranças e manobristas.
Constrangida respondi que o racismo no Brasil é estrutural e institucionalizado, permeia todas as áreas de nossa vida. Ainda é o ranço na elite brasileira do tempo da escravidão. O Brasil foi o último país a abolir a escravatura.
A ONU publicou recentemente um estudo sobre a situação da discriminação racial no Brasil. As constatações dos seus peritos foram: os negros no país são os que mais são assassinados, são os que tem menor escolaridade, menos salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo, são os que lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos e tem menos acesso à justiça.
Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os negros tem a renda menor que a população branca. A violência contra os negros é muito grande. Só em 2010, 76,6% dos homicídios envolveram afro -brasileiros. O racismo, a discriminação e uma cultura da violência levam a polícia a praticar tortura, extorsão e humilhação contra a população negra.
O documento da ONU denuncia que os grupos políticos de extrema-direita projetam leis contra as igualdades raciais. Precisamos lutar contra aqueles, que fomentam e espalham na mídia conservadora o ranço contra as igualdades raciais e sociais. Não só contra os afrodescendentes, mas contra os gays, os travestis, os que são dos grupos de LBG, os pobres, os favelados.
Papa Francisco prega:” Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, aos indefesos que já não podem clamar, se une aos que passam fome, aos perseguidos pela religião, pelas ideias, pela cor da pele, pelos que fazem opção sexual, Jesus se une aos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas por verem tanta perseguição aos inocentes, tanta corrupção, tanto desmonte de nosso pais.”